Senador James

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Quinze dias. Duas malditas semanas se passaram desde que aquela garota, a novata, não saia de sua cabeça. O que era um problema enorme para Alex, visto que Ella estava cada vez mais distante e fria. Não é como se ele não gostasse da garota, conhecia Ella a anos e criara uma afeição especial por ela. Todavia, não sentia amor e só engatara no relacionamento sob pressão de seu pai.

O senador James, republicano, construíra um legado no parlamento e vivia sua vida dedicado a política. Hugh James nunca foi um exemplo de  pai, a confirmação veio quando a mais ou menos um ano, quando obrigou o filho mais velho a pedir a mão de Ella Matteo em namoro. O pai da jovem era o candidato mais popular a presidência e Hugh tinha esperanças de assumir o posto de vice.

Alex encarava o teto de seu quarto, ignorando as mensagens de seu celular. Estava irritado, tendo pensamentos demais em sua cabeça, as coisas estavam saindo de seu controle e isso já era suficiente para lhe tirar o sono. E ainda teria o campeonato regional de Lacrosse no próximo mês. Suspirou desanimado, nunca se sentiu tão sozinho quanto agora.
O celular que jazia esquecido no aparador ao lado de sua cama, começou a tocar. Alex não precisa sequer olhar para saber quem era, estava ignorando Ella a manhã toda.

- Fala. - Atendeu direto, sua paciência estava por um fio.

- Até que enfim, eu já estava pensando que você está me ignorando. - A voz da garota era carregada de ironia.

- Longe de mim fazer isso. - Alex rebateu no mesmo tom. - O que você quer?

A risada da jovem veio rouca pela ligação. Alex vincou as sobrancelhas, conhecia aquela risada e sabia que coisas boas não eram.

- Você não deveria falar assim comigo, querido. Enfim... -  Suspirou fundo. -  Papai quer dar um jantar e faz questão que vocês estejam aqui. Ele quer fazer um comunicado ao algo assim.

O mal humor de Alex atingiu seu ápice, tudo o que ele não queria era ter de lidar com a falsidade e a demagogia daqueles eventos.

- Ok. - Sem esperar por uma resposta, desligou o telefone, refreando a súbita vontade de tacar longe o aparelho.

- Mas é um inferno mesmo. - Pensou alto se levantando. Foi até a sacada de sua varanda encarando os carros passando um pouco mais adiante.
Pegou a pequena caixinha em cima da mesinha de mogno escuro e se apoiou no braço da poltrona preta. Retirou um cigarro e ascendeu, sentindo a calmaria daquele pequeno ato o preencher. Sabia que não deveria fumar, era um atleta e aquilo poderia lhe prejudicar, mas naquele momento pouco se importava com o futuro.
Isso era algo que não lhe pertencia, seu pai havido planejado cada detalhe, cada passo. Faculdade, casamento e candidatura.
Tragou mais uma vez, assoprando a fumaça lentamente. Tentando prolongar aquela sensação ao máximo. Ao longe, podia ouvir a voz de sua mãe, enumerando ordens aos seus tantos funcionários. E mesmo estando em uma casa cheia, a solidão pesou.

Olhos castanhos tomaram sua mente, o som da voz carregada de sotaque e aqueles lábios avermelhados tão chamativos. Alex se perguntou qual seria o gosto dela, perdendo-se em suposições. Adeline, tão diferente quanto seu nome, linda como o inferno. Praguejou baixo enquanto apagava o restinho do cigarro e voltou para o quarto fechando as cortinas. Se jogou em sua cama e fechou os olhos, desejando que sua vida fosse completamente diferente.

Dormiu a maior parte do dia, despertando apenas quando Martha, a mulher que lhe criou, bateu em sua porta.

- Alê? - Sua antiga babá e agora governanta era a única pessoa no mundo que o chamava assim. - Você está bem? Não desceu para o almoço.

Murmurou algo como um entre e cerrou os olhos pela claridade quando a porta foi aberta.

- Você andou fumando de novo, não é? Sabe que isso faz mal. - a voz de Martha era carregada de afeto. Muito mais do que ouvira de sua mãe a vida toda.

Alex e Adeline Onde histórias criam vida. Descubra agora