Lua Crescente ( Edward Story)-EM RECESSO-

Capítulo 7 [1918(4/5)]

Carlisle pulou antes de mim, é claro, creio que como demonstração, ele pareceu querer me encorajar, porém não senti um mínimo toque de medo em meu íntimo, não senti a necessidade de precisar de algum tipo de confiança exterior. Em real, parado ali naquela janela em direção a uma floresta que recém acabara de escurecer, me senti instigado a pular, meu novo instinto gritou, é como se fosse feito naturalmente para tal função, o escuro das árvores não me intimidou, na verdade uma tensão de adrenalina me puxou e eu quis a sensação de estar alí, em meio aquela névoa.

Então em um movimento que nem eu mesmo percebi, eu pulei, foi rápido demais, a sensação do vento em meu rosto mal fora perceptível e eu não cai como um ser humano desastrado no chão, não quebrei nada, na verdade me senti intacto, forte como um leão, meu toque dos pés com a terra foi igualada a de um predador selvagem, mas diria que sofisticada até. Senti a necessidade de inalar o ar, não por precisar dele, mas sim para sentir o cheiro de tudo, um sentimento de autopreservação me encheu. Eu sou agora um demônio vivo, posso matar qualquer um que me der vontade, porém o sentimento de perigo continua constante, como um animal recém tirado de seu habitat natural.

Antes de dar a minha inspiração, decidi analisar o território, tudo parecia normal, mas ainda tão nítido que demorarei a me acostumar com esta nova visão, é muito estranho para mim no momento, muito novo demais, olhar até as míseras gotículas de pólen que saem das flores é algo bem inusitado. Decidi dar alguns passos a frente para ver se encontrava outra coisa diferente, entretanto a nova velocidade anormal me jogou para alguns metros inesperados a mais, esquisito ainda. Senti um toque leve em meu ombro, e quando menos vi já estara virado e rosnando, me estranhei por tal atitude, vi Carlisle acuado e um pouco afastado de mim.

- Edward, sei que quer ver tudo e a necessidade de sentir o faro das coisas é perfeitamente normal, eu lhe entendo, já fui assim.- Disse se aproximando para mais perto, todavia ainda com receio- Mas que tal sairmos daqui antes? Estamos perto demais do hospital, é perigoso arriscar os cheiros e não queremos machucar ninguém, lembra?

Coloquei a mão em minha garganta novamente ardente, como um movimento involuntário, a sensação era abrasadoramente horrenda. Carlisle estava certo, o hospital estara cheia de meu novo alimento e pensar nisso fez parte de mim sorrir, um monstro adormecido pareceu acordar e gostar da ideia, mas a minha pequena parte consciente que restara ainda, me repudiou por tal ato, eu sou uma aberração, contudo não quero machucar ninguém, o monstro rosnou em reprovação e eu olhei assentindo para Carlisle, mesmo contra meu novo instinto natural, tentarei ser o mínimo bondoso que conseguir.

- Ótimo!- Falou aliviado e mais tranquilo nitidamente, seus ombros baixaram e ele veio para meu lado de forma um pouco cautelosa- Vamos?

O doutor correu desaparecendo sob as árvores, um vulto completamente visível para mim, minha nova visão acompanhou perfeitamente cada um de seus movimentos e naturalmente o segui. O vento em minha face, era libertador, olhei cada mínima gotinha de orvalho que cobria o chão e até as pequenas teias de aranha sendo ainda tecidas por aranhas em árvores grandes, meu corpo flutuava sobre o chão, quando dei por mim, acabei passando Carlisle e um sentimento competitivo se apoderou de meu instinto, acabei por sorrir levemente, mas lembrei que precisava do doutor para a ajuda de me alimentar, então diminui minha velocidade e o doutor rapidamente chegou a meu lado.

Paramos em uma montanha a quilômetros do hospital, observei tudo a meu redor e analisei cada pequena coisa que estivera perto de mim, escutei uma coruja que parecia estar a dezenas longe, um pequeno zumbido também apareceu, creio que o som venha de um inseto que voara perto, logo escutei um longo respirar e olhei para Carlisle antes de qualquer movimento defensivo e instantâneo, o faro profundo fora dele, acredito que verificando se não havia alguém perto, por mais que minha sede queimasse horrorosamente, prefiro me alimentar com segurança.