Aquele dia 26...

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Era mais um dia normal na vida de Gabriela Guimarães. Ela estava lá fazendo o que mais ama: competindo, em mais uma final, podendo quase sentir a medalha de ouro no peito. O jogo estava 21 a 17, 2 sets a 1 para o seu clube, Minas, contra o rival, Praia. Os jogos contra o praia nunca eram fáceis: pela rivalidade e tradição das duas equipes, sempre era uma dura batalha e resolvida nos detalhes.
A semana havia sido intensa: Gabi havia sido convocada pela seleção brasileira de vôlei e chegou da convocação no dia da final, 26/11. Era uma das últimas competições do ano e a ponteira fez questão de estar lá presente. E ela estando lá tudo ficou mais fácil: as recepções chegavam na mão da Macris, e os ataques eram facilmente colocados no chão por Gabriela, Rosamaria e Carolana. Devido a recente lesão da Camila Brait e de Thaísa, algumas jogadoras da base foram integradas ao elenco e as mesmas conseguiram ter um ótimo desempenho, principalmente Julia Kudiess, que apesar de ter apenas 19 anos estava enterrando todas as bolas na quadra adversária e bloqueando qualquer bola como se parecesse fácil. Era com certeza o melhor jogo da mais nova, que se sentiu mais segura e a vontade com a presença de Gabi ali. Mesmo não sendo da mesma posição, Gabi cumpria muito bem a missão de capitã: trazia segurança e conforto das mais novas às mais velhas.

Quando o jogo chegou a 23 a 19, o técnico do Minas pediu tempo técnico. Nesse momento, se dirigindo ao banco de reservas. Gabriela se distraiu e acabou olhando o ginásio que estava lotado ao seu redor. Pessoas com cartazes, crianças com camisetas do minas e do praia. Uma ou outra camisa do Brasil com o número 10 e seu nome cravado nas costas, o que a arranca um sorriso. Observou também que algumas atletas de outros clubes por ali estavam, quando de repente seus olhos de jabuticaba encontraram um par de olhos castanhos diferentes. Com um brilho a mais e algo que tirou a atenção de Gabi por alguns segundos.

Gabriela apenas escuta as instruções de seu técnico. Como numa luta interna, não consegue entender porque estava tendo tanta dificuldade em colocar os olhos na quadra novamente, sentindo como se seu olhar quisesse permanecer nas arquibancadas. Mas Gabi consegue voltar a se concentrar e fecha o jogo, tendo 13 pontos na partida.

Após alguns minutos do fim da partida ela olha para as arquibancadas, ainda em meio a comemoração com o elenco. Então, no último flash de luz da porta semi-aberta do ginásio ela observa: mesmo de costas, ela sabia quem estava saindo. Mesmo sem saber seu nome, mesmo sem saber nada sobre ela, Gabriela sentiu uma estranha necessidade de sair correndo e puxa-lá pelo braço. Conversar, a conhecer melhor, saber do que gosta, qual sua cor favorita, quais seus hobbies e o que a deixava feliz. Como se aqueles olhos brilhantes já fossem parte de sua rotina, onde seus olhos repousaram e fizeram morada.

Como se soubesse que estava sendo observada, a moça dos olhos castanhos brilhantes mais lindos já vistos, como Gabriela havia mentalmente a chamado, Sheilla Castro joga seus cabelos que estavam no ombro para trás, cabelos esses longos, ondulados e castanhos. No instante em que joga os cabelos para trás, ela olha para a quadra e encontra novamente aqueles olhos de jabuticaba que haviam a encontrado no meio da partida. Sheilla então apenas sorri em direção a quadra, como um sinal de parabéns. Então Gabriela, com um sorriso que mal cabia em seu rosto e sem tempo de esboçar reação é arrastada do seu momento por Lorenne, que nem mesmo imaginava o que estava começando a acontecer ali. Quando Gabi chegou ao banco de reservas para dar o tradicional banho de água em seu técnico, olhou novamente para a porta e para as arquibancadas, não encontrando mais a moça dos olhos castanhos brilhantes que havia instalado borboletas no seu estômago. Gabriela naquele momento teve um flash de memória dos segundos que aconteceram minutos atrás, daquele sorriso. "O que foi aquele sorriso? Será que foi pra mim? Como pode alguém ter um sorriso tão lindo? Eu preciso saber quem ela é. Eu preciso daquele sorriso." E novamente Gabi volta a si, quando ouve que a premiação irá começar. Gabriela que sempre adorou a ansiedade de receber as medalhas e de saber os destaques da competição, dessa vez estava diferente: sua ansiedade era pra saber quem era ela, a moça dos olhos castanhos brilhantes mais lindos que ela já vira.

The bright brown eyes [sheibi]Onde histórias criam vida. Descubra agora