Capítulo 9

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J U N G K O O K

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J U N G K O O K


Preguiçosamente, meus olhos acompanham os participantes de um reality show qualquer que está passando na televisão. É de gastronomia e, por consequência, agrada-me. Pelo menos é a coisa mais interessante de se assistir para um vagabundo como eu, que não estuda e não trabalha, em uma quarta-feira de manhã.

Passam das 09:00. Jackson ainda me manda mensagens que não respondo e faz ligações que não atendo, a paz exterior reina porque meu pai não voltou de viagem e, de uma maneira estúpida, a cena daquele desgraçado do caralho segurando o rosto de Jimin não sai da minha cabeça. Por mais que eu tente esquecer, não consigo.

Mesmo em poucos dias, o meu olhar sobre si acabou mudando um pouco. A forma como me acolheu em sua casa e na Home, como ficou preocupado com meu sumiço — segundo o que o próprio Hoseok me falou — e como seu jeito de me tratar só melhorou depois de tudo, mexeu comigo mais do que eu gostaria. Talvez porque, embora eu bata na tecla de que criar novos laços está sempre fora de mão, ele realmente parece querer atar algum comigo. Ao menos é isso que sinto todas as vezes em que seus olhos brilham quando estão em mim.

A questão é que, mesmo que eu queira negar, é inevitável, depois de tudo o que aconteceu ontem, que a nossa relação — não que tenhamos uma — sofra alguma alteração. Encontrei-o em um momento frágil demais e conheci um lado seu que não deveria conhecer — assim como ele não deveria ter conhecido o meu. Saber que por trás de sua simpatia há, mesmo, uma pessoa de verdade, de carne, ossos e histórias, faz a curiosidade aguçar.

“Não sinta inveja da vida de ninguém. Você não sabe onde seus demônios se escondem.”

Bufo, encarando o teto.

Lembro muito bem de ter voltado à loja de conveniência após deixar Jimin no carro. O rosto aterrorizado daquele babaca quando me viu atravessar as portas foi impagável. O nervosismo dele foi tão visível que eu pude sentir a sua respiração vacilando a cada passo que eu dava em direção ao balcão em que ele estava sentado. Satisfiz-me em ver sua cara inchada como a minha ficou anteriormente.

Não gosto de muitas coisas, e gosto ainda menos de gente assim, que se utiliza da fraqueza dos outros para benefício próprio. Fiquei tão irado que, se não fosse Jimin gritando meu nome e me puxando, teria apertado sua garganta até ele aprender a virar gente.

Foi assim que peguei um cigarro e, antes que pudesse alcançar a minha carteira, o idiota me disse para ir embora sem pagar. Ri do quão patético ele conseguia ser à medida que puxava uma nota, jogava-a no balcão e reforçava o recado de o levar ao inferno se não fosse esperto. Quis assustá-lo; quis que tivesse medo a ponto de achar que eu poderia, de verdade, jogá-lo em um cemitério sem pena.

Volto minha atenção ao programa, passando as orbes pelos doces que os participantes expõem aos jurados. Penso automaticamente no saco de pirulitos alegres e me pergunto se há a possibilidade de eles acabarem tão depressa. Tenho certeza de que não, mas minhas mãos coçam.

Do Preto Ao Roxo ▪︎ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora