Capítulo 5

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J U N G K O O K

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J U N G K O O K

Não aguentando mais ficar deitado, tomo uma respiração funda e encaro o teto. O quarto está escuro, no entanto sei que amanheceu porque o som da cidade acordando já atravessa as paredes do prédio.

Meu corpo ainda dói, mas não como antes. O remédio, a pomada e o gelo ajudaram-me muito: só não foram capazes de amenizar os meus pensamentos. Não consegui dormir direito a noite toda por causa deles.

A verdade é que não entra na minha cabeça que, de todas as pessoas possíveis que poderiam ter me encontrado naquele maldito banco, foi Jimin, o atendente da minha cafeteria preferida, que o fez. Foi Jimin, o cara que me deu mole e recebeu uma dura de volta sem merecer, que me levantou, colocou-me dentro do carro e me trouxe ao seu apartamento. Não sou capaz de engolir que Parker Jimin me deu comida, roupas limpas e cuidou de mim sem pedir nada em troca.

Cuidou de feridas que não foi ele quem fez mesmo tendo recebido só grosseria da minha parte.

Quando me vi dentro de seu apartamento espaçoso demais para uma pessoa só, tendo toda a sua atenção em mim depois de, horas atrás, ter levado uma das piores surras que meu pai já me deu, meu ser ficou perturbado. Vi-me perdido dentro de um deserto interminável de receio, insegurança, vergonha, culpa e, principalmente, medo. Medo de incomodar, de doer, de fazer doer, de me abrir, de receber um carinho que eu sei que não sou digno de receber. Vi-me assustado como um cordeiro pequeno no caminho de um lobo faminto.

Só que...

Jimin acolheu meus medos de uma forma tão suave que amansou o lobo e abraçou o cordeiro.

Logo que terminamos de queimar um cigarro de cada, como despretensiosa e impulsivamente pedi, ele fez questão que eu dormisse em sua cama. Alegou ser mais confortável para o meu corpo machucado. E ainda que eu tenha tentado, a todo custo, negar e dizer que eu podia tranquilamente passar a noite em seu sofá-cama, ele ameaçou enfiar açúcar na minha boca. Com isso, fui prestigiado com lençóis completamente cheirosos de seu perfume de flores de laranjeira e seu colchão macio.

Para manter a minha reputação de fodido, contudo, não consegui relaxar como gostaria. Os chutes, os socos, Yuri, o acidente e todas as tentativas falhas não me deram paz. Imagens, conversas, sensações e acontecimentos enrolaram-se na minha mente e me impediram de apagar por completo; tudo o que fiz foi cochilar e acordar, cochilar e acordar. Até a surpresa de ver tantas caixas de cigarros e bebidas no apartamento de Jimin fez morada em mim por muito tempo. As olheiras escuras abaixo de seus olhos bonitos que eu nunca havia visto também.

Continuo encarando o teto; os dedos repousando sobre a minha barriga e passeando por cima da blusa.

Não faz muito sentido ter alguém que, aparentemente, se importa comigo. Ainda mais alguém que não tem nenhum motivo para isso, já que, de mim, não recebe nada: não tenho nada de bom a oferecer. Realmente, eu já havia, mesmo, notado os olhares de Jimin para mim no café, porém não imaginava que ele ainda fosse olhar na minha cara após o jeito que o tratei.

Do Preto Ao Roxo ▪︎ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora