Capítulo XXX

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(Muitos anos atrás. Reinado Tanjimo)

"- Sempre estarei com você. Nada nesse mundo, poderá nos separar. Nunca! Ouviu?" Enn abriu os olhos e encarou o teto. Seu corpo estava fraco e sua respiração ofegante. Havia acabado de acordar de um sonho estranho e recorrente em que um homem desconhecido dizia que nunca lhe deixaria.

- Algum problema vossa majestade? - perguntou a serva de Enn. Naori que estava sentada em uma cadeira próxima da cama da rainha se levantou.

- O que há Enn? - a mulher se aproximou da madrasta e tocou sua testa, procurando febre - Ah Enn... - seus olhos pareceram ainda mais tristes - Você está queimando de febre novamente.

A rainha Uchiha olhou para a princesa de cabelos roxos e olhar triste.

- Querida - estendeu a mão, pretendendo agarrar a mão da mais nova - Eu sonhei com ele de novo. - estava ofegante e com os lábios ressecados.

Naori se sentou na cama e segurou a mão da madrasta com carinho. Há alguns anos havia deixado de vê-la como apenas esposa de seu pai e passado a confiar nela como amiga. Enn esteve ao seu lado nos momentos mais difíceis de sua vida. E agora, estava morrendo.

- Com o homem de cabelos dourados e sorriso gentil? - perguntou e Enn assentiu - O que ele te disse dessa vez?

Uma lágrima escorreu dos olhos de Enn.

- Que me amava e que nem a morte poderia nos separar. - estava com dificuldade para falar.

Naori abaixou a cabeça.

- Isso te deixa mais triste ainda não é?

Enn sentiu seu coração se contrair no peito.

- Desde aquele dia... Daquele maldito dia... - lágrimas não paravam de cair de seus olhos - Eu queria vê-lo por uma última vez. - apertou a mão de Naori - Dizê-lo que sinto muito por tudo. Dizer que... - fez uma careta de dor - Ah Naori, eu devia ter confessado a Madara o meu amor antes que ele fosse para aquela maldita guerra e tudo mudasse entre nós dois. Eu também devia ter morrido ao seu lado naquele dia. A seis malditos anos eu revivo o dia em que Tanjimo o matou. Seis anos que vivo o pesadelo de ter sido um dos alvos do seu olhar de ódio quando voltou a vida.

Naori passou a mão pelos cabelos escuros da rainha.

- Madara não te odeia. - sussurrou para a madrasta - E talvez você esteja sonhando com esse homem de cabelos dourados porque já desejou que Madara lhe dissesse isso.

Enn sorriu em meio às lágrimas.

- Não, não é isso. - balançou a cabeça negativamente - É muito mais profundo do que pensa. Sinto como se a voz daquele homem acalmasse minha alma.

Naori abriu a boca para responder à mulher. Contudo, Emi entrou correndo no quarto e se jogou na cama, abraçando a mãe e caindo no choro. Izuna entrou logo depois, com os punhos cerrados e os olhos cheios de lágrimas. O jovem Uchiha não se conformava com a doença da mulher que chamava mãe e culpava a todos por isso.

Enn passou a mão carinhosamente pelo cabelo da filha e sussurrou palavras de conforto para a menina de sete anos que lhe abraçava com força. Os príncipes gêmeos Hayato e Akira entraram no quarto também e ficaram observando a madrasta a distância. A semelhança física dos dois príncipes com Madara era impressionante, e a cada dia que se passava, parecia que eles ganhavam uma personalidade mais parecida com o irmão mais velho também.

A princesa mais velha observou a expressão de tristeza nos olhos pretos de Hayato. Dos irmãos gêmeos, ele era o mais apegado a Enn.

Izuna chorava em silêncio e Naori se aproximou, passando a mão por seus cabelos escuros. Ele era o segundo mais novo, mas queria ser tão forte quanto um adulto. Contudo, Naori entendia. Enn criou Izuna desde a morte de sua mãe, e sempre o tratou como se fosse um filho saído de seu ventre.

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