Capítulo LXVI

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(Muitos anos atrás, reinado Madara)

Madara estava retirando sua roupa quando sentiu alguém lhe abraçar por trás e, já sabendo quem seria, se afastou bruscamente.

Samantia olhou para Madara com irritação.

- Me diga Madara, por que está com raiva? - a loira o encarou em provocação.

O homem suspirou e sentou na cama, levando as duas mãos a cabeça.

- Ordenarei a expulsão do guarda que permitiu a sua entrada em meu quarto. - falou ainda sem encarar a loira.

Samantia piscou, nervosa.

- Pensei que tivesse me soltado da prisão por me querer de volta. - falou desesperada - Acreditei que você tinha me perdoado!

Madara a encarou, com muita raiva.

- Só te soltei porque você tentou se matar novamente. - disse sem rodeios - Você não tava comendo e ingeriu veneno. Mas isso foi apenas para chamar minha atenção, não é? - a confrontou.

Samantia se sentou na borda da cama, a certa distância de Madara. A mulher estava com as mãos juntas e os olhos vermelhos, como se quisesse chorar.

- Eu só fiz isso porque te amo. - a mulher disse, parecendo sofrer a cada palavra - Por favor, não me odeie. Tudo que eu fiz, foi por amor.

"Amor" Madara pensou com desdém.

Quantas vezes mais esse "amor" ia ser responsável por tirar sua paz?
Quantas vezes era preciso um coração se partir para parar de bater por alguém que não valia a pena?
Ou melhor, por que ele era obrigado a sentir algo por alguém?

Talvez, fosse melhor se sua condição de amaldiçoado, também lhe retirasse esses sentimentos humanos e fracos.

Os dois passaram um bom tempo em silêncio, lado a lado. Samantia chorava em silêncio e Madara estava de cabeça baixa, perdido em pensamentos. Aquela relação conturbada estava acabando com o que restava de equilíbrio emocional e amor-próprio em ambos.

Os dois viviam em profunda tristeza por causa daquele amor doentio e sufocante, mas eram dependentes demais para se livrarem dele.

- Madara, não me deixe! - a mulher disse de repente, espantada por ter pensando em acabar com a relação de uma vez por todas - Nós precisamos um do outro. É isso! É o que somos! Dependemos um do outro para sermos felizes... - a mulher sussurrou com a voz embargada e um sorriso doentio, não aceitando seu próprio pensamento racional em relação aquele relacionamento - Não podemos mais viver sem esse amor... - olhou para Madara - Eu sei que você não pode viver sem mim e que me ama! - uma lágrima escorreu de seus olhos - Desculpa por lhe agredir e ter falado daquela forma da sua relação com o seu pai, mas... eu senti estar te perdendo. A culpa não é minha, eu vi você sorrir-lhe. - tentou se aproximar - Ah, Madara! Eu te amo, te amo tanto! Eu te amo muito! Você é tudo que tenho!

"Amor".

Quantas vezes mais aquela palavra sairia da boca de Samantia?

Para o espanto de Samantia, e de qualquer um que presenciasse, Madara levou as mãos até o próprio rosto e começou a chorar. Seu corpo inteiro tremia entre soluços inaudíveis. Parecia que Madara estava colocando algo muito doloroso para fora.

Naquele momento, Samantia percebeu que algo havia morrido naquela relação, que aquela foi a última gota d'água para Madara.

E dessa vez, não haveria volta.

- Eu não queria errar com você! - a mulher falou em tom de súplica, já adivinhando o iminente término - Por favor, não me deixe! Eu não conseguiria viver sem você! - pulou da cama e se ajoelhou em frente ao homem.

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