Capítulo XXXVII

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Sakura dormia calmamente no peito de Madara enquanto o homem olhava para o teto, pensativo. Não estava conseguindo sequer descansar e aquilo o chateava. Havia centenas de pensamentos passando por sua cabeça de uma vez só.

Desistindo de tentar relaxar, Madara se levantou com o máximo de cuidado possível para não acordar Sakura que parecia estar em um sono calmo e um pouco pesado. O homem depositou um beijo na testa da mulher e se levantou, saindo do quarto logo depois.

Madara andou até a sala de música e ficou surpreso quando viu Mei sentada a uma cadeira, observando o piano em silêncio.

- O que faz aqui? - perguntou a mulher que olhou em sua direção e sorriu com tristeza.

Mei olhou para a janela do canto.

- Estou relembrando os velhos tempos. - disse um pouco distante - Você sempre vinha para essa sala quando não estava bem. - sorriu - Bem, era isso ou correr para o mar. Lembro-me que você adorava ir à praia em dias de tempestade. Eu diria até que essa é a tentativa de se matar mais poética que já vi. - o fitou - A sua profundidade sempre me encantou. - sua voz estava baixa e controlada.

Madara franziu a testa.

- O que há, Mei? - o homem perguntou cruzando os braços.

Mei sorriu com tristeza novamente.

- Sei dos detalhes da sua maldição, eu sempre soube. - se levantou - Se casar e ter um filho foi sua cartada final não é? - perguntou e Madara ficou ainda mais sério - Diga-me Madara, como Sakura irá reagir quando souber a verdade? No fim das contas, você não é completamente imortal, só é um homem amaldiçoado tentando se matar a todo custo. - se aproximou do homem que lhe encarava em silêncio - A Sakura aceitaria sua dor como todos os outros ao seu redor aceitou?

Madara ficou em silêncio por algum tempo.

- Eu não seria capaz de impor isso a ela. - respondeu quando Mei deu as costas para ir embora - Não quero que ela sofra por mim, por isso, estou desistindo do meu plano.

Mei se virou abruptamente para Madara.

- Mas a criança irá nascer! - andou até ele.

- Não colocarei mais sobre os ombros de minha filha a responsabilidade de me matar! - vociferou - Mesmo que isso sempre tenha estado em meus planos, não me sinto capaz de jogar tamanho peso nas costas de quem eu amo. - confessou - A Sakura... - seus olhos se encheram de dor - Não mereço uma mulher como ela, eu sei. - fechou os olhos - Mas eu perdi a capacidade de suportar mágoa-lá.

Ao ver tanta dor na voz do Uchiha, Mei encheu seus olhos de lágrimas. Madara amava Sakura tanto assim? A ponto de abdicar da saída de sua maldição e desistir de seu descanso? Madara vinha sofrendo a quase duzentos anos, e apenas alguém de seu sangue poderia acabar com tal maldição. Pelo menos era o que dizia as escrituras antigas, conhecidas por pouquíssimas pessoas. Madara estava desistindo do que quis sempre, por ela? O que ela tinha para fazê-lo ficar assim?

- O que faz você amá-la tanto? O que te atraiu nela? A beleza? - disse, mas não estava se referindo apenas a Sakura, era sobre Samantia também.

Contudo, Madara não percebeu. As vezes parecia que ele não sabia que sua esposa era reencarnação de sua antiga amante.

- Vivi muito tempo para ver mulheres tão bonitas quanto ela. Já vi outros cabelos rosas, outros olhos verdes e outros sorrisos que considerei encantadores, mas eu nunca... - se sentiu estranho por estar confessando aquilo - Nunca havia ficado preso a olhos como os dela antes.

- Você nunca amou antes? - perguntou com certa dor.

- Não a ponto de desistir de tudo como agora.

Mei abafou o grito que tomava conta de seu peito.

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