O rei imortal

Capítulo LI

(Milhares de anos atrás. Dinastia divina)

Licht encarava Yue fixamente enquanto a mesma tentava desviar os olhos. O homem também percebeu que a mulher estava com a mão tremendo e parecia ansiosa à dias.

- Esse seu nervosismo todo tem algo a ver com o que você irá me contar? - o homem perguntou, sem se importar com a presença de Asahi que estava brincando em um canto.

Yue olhou ao redor e sentiu que seu mundo estava prestes a desabar com o que iria contar a Licht.

- Eu... - lágrimas escorriam de seus olhos, e Asahi que estava sentado em um canto da sala se levantou e caminhou até o pai, olhando para a mãe com curiosidade - Peço perdão pelo que estou fazendo... E-eu não devia esconder algo tão grave de vocês. Mas... - cobriu a boca, abafando o próprio choro - A verdade é que sou uma mentirosa e não mereço perdão.

Asahi olhou para a mãe com uma sobrancelha arqueada, contudo, antes que pudesse comentar algo, sentiu tontura. Licht estava tão concentrado no que a esposa tinha a dizer que não viu o mal-estar repentino do filho.

- Você está me deixando cada vez mais preocupado, Yue! - Licht disse, sério.

A mulher que estava de cabeça baixa, a levantou lentamente e finalmente encarou o marido.

- Eu não me chamo Yue. Pelo menos, não durante os últimos séculos. - falou de uma só vez, após juntar toda a coragem que pode.

Licht franziu a testa.

- Como assim?

- Deixei de me chamar assim com seis anos, quando meu pai me adotou. Quando você me conheceu, eu estava apenas usando esse nome para tentar me esconder dele e parecer alguém normal, mas... Eu não pude revelar minha verdadeira identidade a você, e quando dei por mim, já te amava o suficiente para não querer te perder.

Asahi cambaleou e se agarrou levemente na perna do Licht. O homem olhou para o filho, contudo, estava confuso demais para processar as informações ao seu redor.

- Então... Qual é o seu nome real? Quem é seu pai? - perguntou para Yue enquanto agarrava a mão do filho e o trazia para seus braços, de forma protetora.

Yue olhou para Licht e então para Asahi, percebendo que o menino estava pálido demais.

Sem pensar duas vezes a mulher se aproximou do filho. Licht ainda parecia em choque, sem entender muito o que estava acontecendo.

- Asahi, você está bem? - perguntou para o menino que parecia sonolento.

Yue esticou o braço para tocar no filho, contudo, ao se aproximar da criança, sentiu uma energia muito poderosa sobre o garoto e para a confusão total de Licht, agarrou se braço rapidamente e praticamente lhe jogou para o outro lado da sala com uma força anormal.

Quando Licht levantou a cabeça, percebeu estar caído no chão e parte de sua casa estava distraída e ficou aliviado ao perceber que Asahi estava protegido em seus braços e não havia se machucado. Contudo, ficou assustado ao se dar conta de uma luz forte e que Yue estava de joelhos no chão, enquanto alguém lhe apertava o pescoço com uma corrente. Licht tentou se levantar do lugar, entretanto, parecia estar preso ao chão.

- O que você fez, minha filha? - Hagoromo disse, enquanto via um cavaleiro divino sufocar a mulher ate deixá-la vermelha. Ao seu lado estava Indra e Ashura, que observavam tudo com seriedade.

A sala do lugar estava cheia de mensageiros do sagrado reino divino e cavaleiros armados. Havia até um juiz principal, aquele que era responsável por condenar deuses e semideuses por iniquidades e erros imperdoáveis.