Só mais um fim de semana comum

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Ai, ai, vamos rever minha situação atual. Meu nome é Bianca Monteiro e eu sou o que a sociedade pode chamar de piranha ou galinha, o tipo de má influencia que as mães mandariam qualquer menininha ficar longe; tenho uma vida boa, trabalho em um petshop tranquilo, vou a faculdade de manhã — estudo pedagogia — e meu sonho é ser professora, o único problema é que não suporto crianças mimadas. Bem, voltando a minha vida particular, sou bem resolvida amorosamente e não fico pendurada no chaveirinho de nenhum macho, pelo contrário, tenho meu próprio chaveirinho com uma boa quantidade de chaves 'pra minha "fechadura".

A questão é que, devido a essa vida, ontem acabei me atracando com um boy meio perigoso que se revelou um vampiro frio e ameaçador; para eu seguir viva, fizemos um trato e agora ele pode beber o meu sangue duas vezes por semana. Até aí, tudo bem — mentira, não tem nada bem nessa porra — o problema é que, quando pensei que poderia esquecer esse assunto e me divertir num encontro com outro dos meus boys, este apontou um revolver para a minha cabeça e me interrogou até eu dizer tudo sobre o tal vampiro que conheci. Ah, é, e enquanto discutíamos, meu outro ficante nos interrompeu e revelou ser um lobisomem.

Sexta-feira básica na minha vida.

Agora, enquanto repenso minha existência, vejo Fabiano sair de seu carro com o capô estourado e vir até onde eu e Gustavo estamos com o revolver apontado para o Gustavo que emite um som que vamos chamar de rosnado, mas parece tão gutural que colocaria medo até em pitbull. Eu continuo agarrada ao braço dele, pois, na minha concepção, é melhor estar perto do cachorro que eu treinei para me obedecer, não perto do louco que carrega uma pistola por aí.

— Se afaste dela e coloque as mãos na cabeça, lobisomem! — diz Fabiano, como se ele fosse o mocinho da história.

— Largue a arma! — Gustavo rosna quase que literalmente enquanto fala, vejo seus dentes protuberantes saltando dos lábios enquanto ele range a mandíbula.

— Bianca, me escute, esse cara é perigoso, venha para cá.

O Gustave é perigoso? Quem aqui apontou uma arma para mim minutos atrás?!

— Vai se fuder. — digo e não me preocupo com o olhar impressionado e um pouco aturdido que ele me dá. — Eu prefiro confiar num lobisomem do que num cara que queria me matar agora a pouco.

— Claro que não, princesa, eu nunca tentaria te matar, aquilo foi apenas uma farsa para que você me contasse tudo sobre o vampiro. — Fabiano tenta se aproximar de nós, porém Gustavo emite um rosnado de aviso e todos congelamos em nossas posições.

— Fique perto de mim, Bianca — diz Gustavo, um braço estendido na minha frente me possibilitando ver suas unhas que agora eram longas como garras. — Não confie nesse cara.

Meu amor, eu não sei mais nem se confio em mim mesma! Toda essa situação está fora de controle, ninguém mais pode dizer que está falando a verdade ou mentindo e minha cabeça continua parecendo que vai explodir! Preciso escapar daqui, voltar para a segurança da minha vida e esquecer tudo sobre esses monstros, tanto o Dimitry quanto o Fabiano e o Gustavo.

— Vou falar mais uma vez, Bianca, venha comigo, essas bestas são imprevisíveis — diz o cara que sacou um revolver do nada. — Vamos conversar melhor sobre o que está acontecendo, eu prometo responder suas perguntas e não te ameaçar mais.

Opa, temos aí um acordo interessante. Ainda assim, vamos adicionar mais condições.

— Primeiro, largue a arma — digo e ele me olha como se eu estivesse louca. — O Gustavo não vai te atacar, diferente de você, ele não se precipitaria em ameaçar alguém logo de cara.

O veneno escorre enquanto eu vejo o homem na minha frente com uma cara de pensativo; no fim, ele coloca a arma no chão e se afasta. Em resposta, Gustavo abaixa o braço que colocou entre nós e posso ver suas garras voltarem a ser apenas unhas humanas normais assim como acontece com seus dentes.

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