Quando chegamos ao meu prédio, Gustavo está aguardando na portaria; ele cumprimenta a Ana mó de boas, mas quando estende a mão para cumprimentar o Marcus posso ver uma nuance de ciúmes percorrer seu rosto em lépidos segundos. Eu me certifiquei de avisá-lo que o Marcus só sabia sobre o stalker e não sobre o Dimitry ou os outros, então espero que ele tome cuidado com o que diz.
Peço para eles irem na frente até o elevador enquanto falo com o seu Zé rapidinho. Antes de começar a bolar qualquer plano para deter o Renato, eu tenho que saber como ele conseguiu entrar na minha casa sem mais nem menos.
— Seu Zé, boa noite — digo ao chegar na cabine, como sempre ele está largado em sua cadeira de couro, o bigode molhado de café preto.
— Boa noite, dona Bianca. Como posso ajudar?
— Eu queria saber se alguém pegou a chave reserva do meu apartamento.
— Chave reserva? — Ele se obriga a levantar e olhar as cabines onde as chaves ficam guardadas. — Não, ela está aqui, ninguém pegou.
Meu cérebro trava por um segundo. Como assim ninguém pegou a chave reserva? Então como o Renato entrou na minha casa?
— Por acaso um garoto baixinho passou por aqui? — pergunto, a apreensão já está tomando conta de mim.
— Garoto? Oxi, dona, não passou nenhum garoto aqui não. Os únicos homens que entram são os que a senhora traz.
A preocupação me invade antes que eu possa notar o tom de julgamento naquela fala. Então o Renato tem entrado como? Ele deve ter usado alguma das entradas do prédio, mas se o seu Zé disse que não viu ninguém entrar, como fica essa situação?
Cada vez mais eu me pergunto o que diabos é o Renato e o que ele quer comigo.
— Aconteceu alguma coisa? — Gustavo pergunta quando me aproximo, mas tento fingir que estou bem.
— Não foi nada, só estava conferindo uma coisa com o porteiro. Vamos subir logo.
Sem dizer muito, entramos no elevador e eu me entrego aos meus pensamentos mais medonhos. Sinto-me protegida agora que estou com meus amigos, mas e quando eles forem embora? Aquelas fotos que o Renato me mandou realmente levantaram os pelos da minha espinha.
Saímos do elevador enquanto Ana conversa alguma coisa com Gustavo que não presto atenção, apenas vasculhando na minha bolsa com a desculpa de estar procurando as chaves. Entretanto, quando estou prestes a abrir a porta de casa, Gustavo espalma uma das mãos sobre a porta, me assustando e fazendo com que eu me afaste brevemente.
— O que foi? Não me assuste assim!
— Não abra — ele fala e posso ver seus olhos verdes se converterem em pupilas caninas largas, seus dentes de cima quase perfuram o lábio inferior. — Tem algo aí dentro.
Isso me arrepia, mas ao mesmo tempo é o estopim para o Marcus se mover. Ele me empurra gentilmente para o lado da Ana e toma a dianteira de abrir a porta com o Gustavo logo atrás. A porta é aberta e tenho a visão da minha sala de estar, a sacada está totalmente aberta e uma brisa gélida percorre o ambiente.
Então eu sinto novamente aquela fragrância forte, uma colônia masculina inconfundível, a mesma que senti na boate naquela noite na qual tudo se tornou um desastre.
— Quem é você? — Marcus pergunta e só agora percebo a silhueta sentada de costas para nós em uma das minhas poltronas.
É o Dimitry.
— Seja quem for, identifique-se antes que chamemos a polícia! — Marcus tenta novamente, porém o vampiro tampouco mostra sinais de que vai se mover.
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Amor ANTInatural
RomanceUma vida regada a homens e bebidas, festas e noitadas; assim era como Bianca vivia com seus muitos contatinhos. Entretanto as coisas mudam um pouco de cenário quando ela se depara com um homem misterioso que a leva para uma viagem só de ida ao mundo...