Capítulo 3

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As sombras terminam de ser erguer do solo, revelando quatro homens, O da esquerda é um homem velho e pequeno com uma roupa bem gasta e uma máscara kitsune posicionada ao lado do rosto. O homem que surgiu atrás tem cabelos brancos e seu rosto é repleto de cicatrizes provavelmente causadas por cortes bem profundos, ele possui um olhar de desprezo em seu rosto.
O homem que se posicionou à frente tem um olhar alegre, um semblante feliz e uma postura de confiança, suas roupas amarelas chamam mais atenção do que deveria. E o por fim o homem da direita, ele é alto, jovem e cheio de músculos, seus olhos transbordam rancor e raiva.

— Eu gostaria de vê-los em circunstâncias melhores senhores...-O homem de frente pra  eles fala isso.

—E quem é você?-Sanemi pergunta.

— Nós somos quem lida com o equilíbrio no mundo, pode me chamar de Akira... O senhor à sua esquerda se chama Kaze, o homem atrás de vocês se chama Mike e o...-Akira é interrompido pelo homem à direita que sobrepõe sua voz em um tom mais alto e agressivo.

—Apenas vá direto ao assunto Akira! Nós não devemos explicações para eles...-Ele cruza os braços.

O Akira balança a cabeça afirmando e diz.—Sanemi e... Qual é o seu nome?-Ele se refere ao irmão de Sanemi.

—Tatsu... Meu nome é Tatsu...-Ele encara o Akira.

—Sanemi e Tatsu... Eu tenho algumas coisas para falar e vocês vão ouvir. Bom, Sanemi desde que você veio para o mundo humano à dois anos, você nunca deu nenhum trabalho pra nós e nunca fugiu dos nossos planos... Nós demos um nome específico de uma pessoa específica e você não matou essa pessoa, nós queremos saber o motivo.-O Akira olha para Sanemi esperando uma boa justificativa. 

—Eu tive algumas lembranças... Quando eu tentei, eu estava com ódio e realmente queria... E dái que eu tive algumas lembranças e aquele ódio sumiu.

O Akira olha para os outros quatro e volta o olhar para Sanemi.—Foi isso, acho que não tem como matar essa garota.

—O que quer dizer?- O Sanemi pergunta.

—Todos nós exceto seu irmão, todos nós tentamos matar essa garota e sempre tinha alguma coisa pra atrapalhar e tamb...-Akira é interrompido.

—Vai direto ao assunto! Tá contando um romance por acaso?- O Tatsu se levanta—Afinal, vocês trouxeram a gente pra cá por qual motivo?

—Bom...Eu quero lembrar vocês que nós, agora com vocês dois inclusos, mantemos o equilíbrio no mundo e nós somos aqueles que matam os humanos quando a hora de cada um deles chega... A gente não criou as regras de quem a gente deve matar, a gente recebe a informação na nossa cabeça com o nome e aparência e a gente só faz o nosso trabalho.-O Akira olha para todos ali presentes e continua dizendo.—E outra coisa, eu não sei o porque vocês se odeiam, mas eu sinto informar que aquele que está no comando não permite que a gente se mate.

—Deixa eu fazer uma pergunta...-O Tatsu ajeita suas roupas.— Eu ainda posso matar pessoas sem que elas estejam nesse tipo de lista né?

Todo mundo olha pro Tatsu e o Akira fala.—Até agora... Não tem nenhuma regra contra isso...Mas essa pergunta foi muito específica, o que tem em mente?

—Só foi curiosidade...-Tatsu fica com um sorriso cínico no rosto.

—De qualquer forma... A última coisa que eu quero que vocês entendam, é que de alguns tempos pra cá, os humanos começaram a se desenvolver e não se enganem pois alguns deles conseguem fazer coisas incríveis e podem dar um trabalho pra vocês... Dito isso... Até outro dia.- Akira dá um sorriso simpático e de repente Sanemi se encontra na calçada.

Ele olha para o seu corpo e ele consegue ver as sombras saindo do seu corpo e tomando sua forma comum como uma sombra qualquer.

Outro nome aparece na mente de Sanemi.—Jeremias... Ok... Vou achar ele logo logo.-Ele solta um suspiro.

—Ah você tá aqui!- A Maya se aproxima dele.—Tava te procurando.

—Desculpa, eu... eu perdi alguma coisa?-Ele olha para ela.

Ela senta ao lado de Sanemi e diz.—Assim, a cada três meses eu faço uma viagem longa pra um vilarejo, sempre fica alguma coisa sem vender no bar e claro que elas ainda estão dentro do prazo de validade... Enfim, eu levo essas coisas para um vilarejo onde a situação não é nada boa... "Cê" num quer vir comigo não?

Ele esboça um leve sorriso.—Quero sim, vai ser bom conhecer outros lugares.

—Ótimo, me ajuda a preparar as coisas? Tem muita coisa pesada pra pegar...-Ela se levanta e dá a mão para ele levantar também.

Ele levanta segurando a mão dela e eles vão andando para dentro do bar.

Se passam algumas horas e no cair da noite eles partem em uma carroça coberta de cor branca com dois cavalos à frente guiando o caminho. Em suas laterais tem duas tochas para iluminar o caminho durante a noite.

Maya sentada na carroça controla a direção diz.—Eu sei o que está pensando, "era melhor ter saído de manhã"...

—Eu realmente estava pensando nisso.-Ele responde sentado ao lado dela.—Mas eu acho que você tem um bom motivo pra querer sair de noite, e quem sou eu pra discordar, né?

—De noite eu tenho menos chances de ser vista, eu aprendi isso depois de ter sido pega algumas vezes por alguns bandidos, eles não levaram nada... Por sorte eu sei me defender, e depois disso acontecer algumas vezes eu testei sair à noite e deu muito certo, eles são bandidos mas também precisam descansar...-Ela fica com o olhar fixo no caminho.

—Quase me esqueci... Tem uma coisa que eu preciso te falar...-Ele fica com o olhar fixo pra frente também.

—Manda ae...

—Sabe aquela parada de matar e tal?

—Sei... -Ela olha nos olhos dele.

—As sombras me levaram pra um lugar, e nesse lugar eu encontrei com meu irmão e mais quatro pessoas, pelo que pareceu eles também são como eu e precisam matar pessoas...E lá um dos caras me explicou que eles também não sabem quem manda a gente matar, mas tudo indica que é alguém bem poderoso que faz isso e a gente só precisa cumprir o que esse alguém manda.-Ele permanece com o olhar fixo pra frente.

Ela puxa a rédea dos cavalos fazendo os dois pararem.—Isso significa que você quer me matar?

—Não, eles também falaram que eles já tentaram matar você e nenhum deles conseguiu...

—O que quer dizer com isso?

—Eles falaram que sempre acontece alguma coisa de ultima hora que acaba te protegendo, então não, mesmo que eu quisesse eu não conseguiria te matar... Mas eu acho que eu preciso fazer isso, por que é meio que minha obrigação.-Ele olha nos olhos dela também.

—Olha Sanemi, tem coisas que você não pode deixar as outras pessoas decidirem por você, provavelmente isso vai te trazer consequências mas você pode lidar com elas...-Ela olha para a própria mão e fecha o punho.—Eu estou lidando com as minhas escolhas de dois anos atrás e se eu consegui acho que você também consegue.-Ela bate as rédeas dos cavalos e eles voltam a andar.

—Você tem razão... Talvez eu não precise matar todos, só quem realmente precisa... O sangue vai estar nas minhas mãos...-Ele olha para as suas mãos abertas.—Você se importa se eu ficar um tempo quieto?

—Não... Tá tranquilo.-Ela fica olhando o caminho e guiando os cavalos.

O Sanemi deita dentro da carroça em um espaço pequeno que ele consegue se sentar, e ele fecha os olhos.

Ele se encontra novamente dentro daquele jardim repleto de vermelho, ele caminha até o centro do mesmo e ele percebe que tem uma única hortêsia azul nascendo nesse vasto espaço. Sanemi se agacha para ver mais de perto, mas ele acorda assustado com um grito de Maya.

—SANEMI! Acorda rápido! 

Ele olha rápidamente na direção dos gritos de Maya e ele consegue ver ela correndo na direção de uma casa queimando.

E é aqui que a gente termina mais um capítulo.

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