The battleships will sink beneath the waves

75 0 0
                                    


Capítulo Cinco: The battleships will sink beneath the waves

"Você sabe que eu não queria ter que te assombrar
Mas que cena fantasmagórica
Você usa as mesmas joias que eu te dei
Enquanto me enterra"

A obrigação de retornar a Verona era insuportável.

Damon seria capaz de ir a qualquer lugar, mas regressar a Verona era como um fiapo afiado a machucar o nervo. Não fora forte o suficiente para ignorar o clamor da avó, porém gostaria de ter sido, afinal onze anos atrás prometera nunca pôr os pés naquele solo novamente, e agora estava de volta e a sensação era tão boa quanto uma ressaca. Ele ignorou as folhas na pequena mesa em seu compartimento do trem, os esboços produzidos durante a viagem eram rascunhos de seu desespero. Não eram joias bonitas ou mostravam algum respeito às pedras preciosas que as adornaria, apenas eram rabiscos de um Damon inconformado.

O baque do trem ao frear o despertou para a imagem que possuía pela janela, a estação estava à vista e, com pessoas aguardando aqueles que chegavam ou estavam a partir. Anos atrás Damon era o que estava a partir e, igual a antes, a sensação de ir fora tão ruim quanto a de agora retornar. A cada passo que dava ao sair da locomotiva era um convite às memórias do passado, estas que sempre esforçou-se a enterrá-las no quintal da sua mente, mas ali estavam elas em cada músculo, fibras, ossos e em seu sangue. Damon suspirou ao começar arrastar sua mala única pela plataforma, obrigado a disputar espaço com os milhares de turistas que chegavam todos os dias à cidade italiana.

― L'america ti ha reso il piú brutoo, vecchio amico!¹

Damon gargalhou ao avistar Rómulo a sua espera. Os anos distante haviam afetado o amigo de maneira particular, pois ainda continuava com o cabelo liso castanho-escuro, a pele branca, olhos azuis, o nariz fino e as bochechas angulares, contudo havia algo diferente em Rómulo, e ele não acreditava que se tratava dos músculos adquiridos ou da barba mais espessa. Havia um brilho no olhar de Rómulo, que não existia onze anos atrás.

― É bom te ver também, amico!

Mio Dio! Você está com a cara de quem foi convidado para um enterro – Rómulo resmungou. – Talvez uma taça de vinho vá adoçar o seu mau humor.

― Estar de volta não pode ser considerado um funeral?!

― Não agoure a saúde de Laurent – ele chiou.

Damon revirou os olhos e continuou a caminhar ao lado do amigo, mas o silêncio desconfortável fora rompido pela risada, quando ele avistou o carro de Rómulo os aguardando.

― Ainda essa banheira velha?

Rómulo afastou a piada com um aceno, pois seu Jaguar conversível ainda estava em um bom estado e sua saúde fora anunciada quando o motor roncou ao dar partida pelas ruas de Verona. Damon sentiu o vento balançar seus cabelos, enquanto o frescor de Março acariciava sua pele. Pelo menos o clima havia o recepcionado bem.

― Eu não deveria dizer nada – Rómulo murmurou. – Mas, sua nonna planejou uma festa de boas-vindas.

― Já sabia.

A família Salvatore vinha de uma longa linhagem de articuladores, e uma de suas principais características era dar uma boa festa. Bons negócios acontecem quando há champanhe, música e boa comida, logo Damon não estranhou a atitude perspicaz da avó ao oferecer uma comemoração, onde apresentaria o neto que regressava a Verona agora formado e bem-sucedido. Embora, isso não tornava a situação agradável aos olhos de Damon.

― Pode pelo menos fingir gostar – Rómulo crispou o lábio.

― Farei isso até você encontrar uma maneira de sairmos de lá despercebidos e irmos para uma comemoração de verdade – ele deu de ombros.

Folklore - Delena, Datherine, KelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora