I. Quero partir.

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Quero partir.

Não pelo ato egoísta de fugir aos problemas, mas pelo derradeiro ato de amor que é deixar os outros seguirem com a sua vida sem mim.

Todos os dias penso na minha partida. Se irei reencontrar pessoas ou se aguarda por mim um eterno vazio negro. Se realmente a dor irá passar, ou se ficará em stand by como quando desligamos a nossa televisão.

Estou e sou absorvida por estes pensamentos desde o momento em que abro os olhos de manhã até que os fecho ao anoitecer, (in)conscientemente esperançosa de que não os volte a abrir.

Muitas vezes olho para o céu e tento encontrar sinais de que quem partiu espera por mim, ou naquele momento está a olhar para e por mim... mas ultimamente apenas tenho visto os mesmos pontos luminosos no céu. E todas as noites parecem ser menos.

Quando é que perdi o amor à vida ?
Quando é que perdi a ânsia de viver novas aventuras ?
Quando é que perdi a vontade de estar com aqueles que mais gosto?
Quando é que perdi a garra de lutar por aquilo que quero?
Quando é que perdi as forças para me levantar todos os dias independentemente do que o dia tiver guardado para mim?
Quando é que perdi o brilho nos olhos?

...

Quando é que me perdi?

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