À minha volta só encontro escuridão. Estou só. Num vazio permanente, no qual entrei sem saber como sair.
Ao contrário do passado, encontrei algumas luzes longínquas, mas brilhantes. A chuva caía, mas era como se houvesse alguém a segurar um chapéu de chuva imaginário para que não me molhasse e chegasse segura ao destino: a luz, a esperança.
Caminhei determinadamente até ao destino e tanto houve dias em que ele se avistava mais perto, como outros em que, por mais que caminhasse, a distância parecia apenas aumentar.
Tropecei diversas vezes, mas levantei-me determinada a finalmente chegar até às luzes. Havia algo na forma como brilhavam que me indicava que era desta vez que iria alcançá-las. E, pela primeira vez, eram vários os braços que seguravam o chapéu de chuva enquanto enfrentava o caminho chuvoso até elas.
De repente, a tempestade adensou-se. Já não era apenas chuva, eram trovões, granizo, ventos fortes. Um ciclone no vazio que representa o "eu". E todos estes elementos toldavam a minha visão, tornaram-na turva e distorcida.
Parei para limpar os olhos e enxaguá-los e, assim que levanto a cabeça e olho em frente, as luzes apagaram-se.
Onde estão?
Porque é que se apagaram?
Alguma vez existiram? Delirei?
Caminho agora sem rumo e a chuva cai, mas agora molho-me.