A cabeça dói. Neste momento dói mais do que a alma, o que - de certo modo - até é positivo.
Dói de cansaço e não de morte. De cansaço da luta intensa que está a ocorrer nela, entre dois rivais que na verdade se deveriam fundir num só.
De um lado temos o "Eu" negativo. Aquele que não é totalmente real mas também não é completamente fictício. É como as lendas contadas pelas velhinhas nas aldeias, onde às vezes apenas 1/3 da história é verídica. Neste lado não há luz natural, apenas holofotes apontados a pilares que representam factos que nem sempre são verdadeiros.
É um elemento ditador que me retira força, energia e carácter. Faz-me duvidar das minhas virtudes, daquilo que mereço e até de mim mesma. Consegue manipular cada pedaço de informação que é recolhido pelo meu corpo, e transformá-lo em monstros distorcidos que me atormentam e perturbam a clareza em relação ao que é a realidade.
Do outro lado, temos o "Eu" positivo. A essência, a vida e a positividade. É aquele estudante assíduo que se senta na primeira secretária na escola, e estuda afincadamente para continuar a ter boas notas. É a alma: da festa, de mim, dos outros. É a garra de viver independentemente dos erros, porque sabe que ser humano é errar e aprender com cada erro para que, em cada falha, haja aprendizagem.
É um lutador sábio, mas que se encontra ferido. Continua a levantar-se para lutar porém está fraco e não sabe onde poderá arranjar forças para se erguer e derrotar o rival.
Mas ainda está vivo, e enquanto assim o for... A batalha ainda não terminou. Ainda há chance de vencer.