Prólogo

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Stratford, Ontário, quinze anos atrás.

— Hoje temos um aluno novo. Pode entrar Ritcher.

— Olá — o menino disse entrando na sala. Ele era muito fofo, branquinho com cabelos negros e olhos âmbar. — Meu nome é Alex Ritcher. É um prazer conhecer todos vocês.

— Sente-se em um dos lugares vagos para que possamos dar início a aula — o garoto assentiu e começou a caminhar à procura de uma cadeira. Pouco tempo depois de me virar para pegar meu material em minha mochila, o vi se sentar na mesa atrás da minha. Resolvi não o cumprimentar e me virei para frente novamente.

Assim que a aula acabou, quando estava arrumando as minhas coisas e me preparando para sair, senti algo encostar em meu braço. Era ele.

— Desculpe, será que poderia me mostrar a escola? Eu sou novato — "Sei que é novato, vi você se apresentar".

— Tudo bem — concordei. O garoto sorriu e parou ao meu lado, me esperando ajeitar tudo.

Mostrei a ele toda a escola e percebi que era bem divertido, educado e fofo. "O sonho de toda menina", incluindo o meu. Mas claramente nada aconteceria entre nós por conta da minha aparência sem graça...

Foi o que eu pensei alguns anos mais tarde.

— Já vou indo então.

— Ah claro. Espera! — o encarei. — ...é que eu ainda não sei o seu nome.

— Alexia. Alexia Jones.

— Uau! É exatamente o MEU nome no feminino! — ele riu e concordei. — Provavelmente foi o destino que nos uniu.

— É... — corei. — ...já vou, então.

— Tudo bem! Até amanhã.


Seis anos atrás.

— Vai à escola amanhã, Lex? — Alex me perguntou enquanto voltávamos para casa.

— Sim. Você vai?

— Claro. Eu preciso ir... — passamos em frente a uma lanchonete e ele me encarou. — Vamos entrar?

— Mas nós acabamos de lanchar — sorri.

— Não posso mais sentir fome?! Isso vindo logo de você?

— Ei, falar sobre o peso de alguém é um tabu! Você sabe.

— Okay, me desculpa — Alex riu. — Erro meu. É só que eu preciso te contar uma coisa importante...

— Ah... é isso? Tudo bem — concordei, seguindo-o até uma das mesas e já pedindo o meu hambúrguer. — Sobre o que você quer falar comigo?

— Bem, a verdade é que...

— Oi, garotos! — alguém interrompeu a fala de Alex. Era Maria, nossa colega. Estivemos na mesma turma desde o fundamental. Não que sejamos amigos. Felizmente essa maluquice não se tornou real.

— Ei, Maria — forcei um sorriso, vendo-a se sentar na cadeira a minha frente, ao lado de Alex.

— Oi, Alex — ela sorriu, enrolando uma mecha de seu cabelo no dedo indicador.

— Oi — ele respondeu em um tom seco sem a encarar, o que me fez sorrir. Eu adorava as reações e respostas dele a ela. Nunca ligando e, na maioria, ignorando.

— O que você queria me dizer? — repeti a pergunta, pegando o meu hambúrguer da mão da atendente.

— Ah, é... — ele encarou Maria, que ainda sorria abertamente. — ...eu queria avisar que volto para a minha cidade amanhã.

Philia [Completo] [Versão inicial]Onde histórias criam vida. Descubra agora