Capítulo 10 - Eu sou o seu pai

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— Então prove! — Alexia falou já sem paciência com o homem. — Você tem alguma papelada? Alguma foto minha bebê com minha "mãe"? Algo do tipo?

— Nenhuma dessas coisas.

— Então como você vai provar?

— Eu... — o senhor pensou por alguns segundos. — Eu posso tentar conseguir os papéis depois se assim desejar.

— Quer saber? Cansei desse assunto — Alexia falou se levantando da cadeira. — Será que o senhor poderia se retirar?

— Não, por favor! Me deixe pelo menos tentar te convencer com as minhas palavras!

— Senhor, eu não sou rica — a moça suspirou. — Não tenho uma casa grande, moro em um apartamento que por sinal eu custo a pagar com o salário que ganho. Enfim, não tenho nenhuma "riqueza". Por que é que você insiste tanto nisso?

— Você é o que me restou dela — Michael começou a chorar.

— "Dela"? Ela quem?

— Da Kayla — limpou as lágrimas de seu rosto. — Sua mãe.

Alexia respirou fundo, negando com a cabeça.

— Vocês se parecem muito, não tem como "não" ser você. A irmã dela me mostrou o hospital em que você nasceu e eu peguei algumas informações...

— Okay. Eu vou te dar uma chance — Alexia disse se sentando novamente. — Se a sua história for convincente, TALVEZ eu possa acreditar em 1% dela.

— Obrigado — Michael sorriu, tão sincero que Alexia quase se esqueceu de que era um esquisitão que de repente apareceu em seu serviço dizendo ser seu pai. — A culpa foi toda minha... — ele suspirou.

— O quê?

— Há mais de 20 anos atrás, eu era aquele típico cara rebelde que queria apenas curtir a vida de todas as formas possíveis. Foi em um desses momentos que conheci a sua mãe. Ela era o oposto de mim. Totalmente correta, família rica, e super gentil. Foi a pessoa mais gentil que já conheci até hoje — o homem sorriu doce. — Por mais incrível que possa parecer, começamos a nos encontrar com certa frequência. Todos os dias saíamos para passear, íamos a cafés, parques, lojas. Tudo isso em segredo da família de Kayla, que a obrigava a interagir apenas com pessoas do mesmo núcleo que eles. Porém, um dia o mordomo dela desconfiou de suas saídas e a seguiu. Quando ele nos viu, me xingou de todas as palavras possíveis por ser pobre e desleixado e literalmente jogou Kayla no carro, levando-a de volta para casa. Eu fiquei com tanta raiva do preconceito daquele homem. Aquilo me fez lembrar do tanto que havia sofrido na infância. Não voltei a ver Kayla por muito tempo. Até que um dia eu de repente senti no coração que deveria me encontrar com ela, mas quando cheguei a mansão, estava vazia. Não havia ninguém lá. Parecia que a casa tinha sempre sido abandonada. Resolvi deixar de lado o assunto. Muitos anos depois, reencontrei a irmã dela. Fiquei feliz que finalmente teria a chance de rever Kayla, mas o que a irmã dela disse acabou comigo. Ela tinha morrido no parto — Michael começou a chorar novamente. — Eu fiquei sem entender. "Ela se casou e teve um filho?". Porém, ela não havia se casado. Tudo aconteceu na mesma época que ela desapareceu... na época em que nós ficávamos juntos. Eu caí em choro e perguntei a irmã o que havia acontecido com o bebê. Ela me contou que depois de muitas discussões com os pais, se eles abandonavam a criança em um orfanato, ou deixava jogada nas ruas, ela mesma decidiu colocar o bebê em uma das portas da cidadezinha. O casal era famoso por amar crianças e animais. Eles não tinham filhos, apesar disso... — ele encarou Alexia.

— Está querendo dizer que... esses são os meus pais atuais? — Alexia perguntou, recebendo uma confirmação por parte do homem.

— Felizmente aquele casal ficou com a criança, mas mesmo assim comecei a procurar loucamente, desde onde o casal morava, até onde eles trabalhavam. Depois de muito tempo te encontrei. Era linda... igual a mãe — Michael sorriu. — Eu te segui por vários locais.

Philia [Completo] [Versão inicial]Onde histórias criam vida. Descubra agora