Philia [Completo] [Versão inicial]

Capítulo 62 - Crush ultimate [Passado]

Stratford, Ontário, sete anos atrás.

— Alex, por que você fez isso? — Alexia negou, rindo, enquanto descia as escadas atrás do amigo. — Você é muito idiota.

— Claro que não! Eu jamais pensei que você me deixaria para trás daquele jeito... — Alex bufou irritado. — Você é uma "ótima" melhor amiga, hein?

— Me desculpe, me desculpe! — a garota sorriu. — Não era a minha intenção, juro!

— Sei. Falsa.

— Sobre o que vocês dois estão falando? — Felícia se aproximou, curiosa, ao entrar no quarto do filho.

— Bem, nós...

— Isso não tem nada a ver com você, mãe! — Alex revirou os olhos, escondendo as mãos no bolso.

— Ah... você tem razão, sinto muito.

— O lanche já está pronto?

— Sim, sim, já podem comer.

— Ainda bem! Como você é lenta... — o garoto murmurou, caminhando até a cozinha.

— ...sinto muito por ele, tia Felícia — Alexia suspirou ao parar próximo a mulher.

— Que é isso, querida?! — Felícia sorriu. — Não precisa se desculpar pelo meu filho! Já estou acostumada... acho que ele não gosta muito de mim.

— Não mesmo! Ele ama a senhora!... só não sabe se expressar muito bem.

— É uma bela forma de pensar — a mais velha encarou a menina com um sorriso.

— ...eu só acho esquisito.

— O quê?

— Bem... — Alexia pensou. — Por acaso, o Alex tem algum problema de bipolaridade?

— "Bipolaridade"? — Felícia encarou o teto, tentando se lembrar das consultas do filho. — Não que eu saiba. Por que a pergunta?

— Na semana passada ele parecia bem estranho. Estava mais educado, mais calmo... parecia uma pessoa completamente diferente. Na verdade, acontece isso várias vezes ao ano, por isso pensei que ele pudesse ter algum problema de dupla personalidade ou coisa parecida.

— AH! — a mulher exclamou.

— Ele realmente tem?!

— Não! Não tem não, Aly. O que ele tem é um ir...

— MÃE! — Alex gritou sem paciência. — A senhora vai me deixar servir tudo sozinho?! Você não está fazendo um bom papel de dona de casa!

— Sinto muito, filho! Já estou indo! — Felícia afirmou, correndo até o garoto. — Venha, Ally. Vamos lanchar.

— Certo... — Alexia caminhou lentamente atrás dos dois. — "Ir"? O que seria isso?

— Nossa, aquela mulher é inútil! — Alex resmungou.

— Quem?

— A mulher que me pariu.

— Por que você trata a sua mãe assim, Alex? — Alexia perguntou sem entender. — Eu duvido que ela tenha feito algum mal a você alguma vez na vida.

— Ela é falsa. Me trata bem aqui em Stratford só pelo fato de estarmos apenas nós dois... — Alex bufou. — Aposto que se estivéssemos em casa, ela o escolheria... aquela coisa!