"Eu vi a parte de você que só quando você for mais velho você vai ver também. Você vai ver também."
Agosto, 2022.
Eram dez e dezesseis da noite de uma quarta-feira quando Lena Luthor deitou-se em sua enorme cama de casal a fim de conseguir dormir e espantar aquela suspeita que tanto à atormentava. Um fracasso total.
E assim se passaram, onze, meia-noite, uma da manhã, duas, três e por fim, quatro. No ínterim entre esses números, Lena não conseguiu pregar o olho, apenas vomitou inúmeras vezes.
Depois de revirar-se por várias horas, ela se levantou em um movimento rápido e brusco, 'cansada de esperar o cansanso', indo em direção ao seu closet e o de Kara. Kara não estava lá naquele dia, ela estava em algum lugar do mundo ajudando seu amigo Barry a combater algum vilão. Lena não prestou atenção no que Kara havia lhe dito. Lena estava estressada naqueles dias, e descontava tudo em Kara, fazendo as duas ficarem distantes.
Ao chegar no closet, Lena abriu sua gaveta e vasculhou no fundo dela, pegou a sacola que havia os objetos do qual ela queria não ter que usar nem tão cedo, foi até à cozinha para pegar uma garrafa d'água e por fim, foi até o banheiro. Uma hora depois, ela estava olhando o seu reflexo no espelho para não ter que olhar o que havia em cima da pia. Sua aparência era horrível, sua pele estava mais pálida do que o normal, e suas olheiras pintavam um centímetro e meio abaixo de seus olhos cansados.
Ela suspirou fundo, pegando o máximo de ar que pôde e depois o soltando de forma lenta. Ela olhou para baixo, e lá estava, o que ela mais temia. Cinco bastões que ilustravam dois traços e mais outros cinco que diziam "grávida - 7 a 8 semanas" rindo da sua cara.
Lena perdeu as forças de suas pernas e caiu no chão, chorando interminavelmente, torcendo para que Kara, de algum lugar do mundo, a ouvisse e lhe abraçasse até que ela pegasse no sono.
"Eu segurei as melhores cartas, mas cada golpe de sorte tem um sangramento. Tem um sangramento através"
Presente.
Após levar Lena até o quarto, Kara se direcionou até à cozinha para lhe fazer um chá e poder acalmar os nervos.
"Você segurou o equilíbrio do tempo, que apenas cegamente eu poderia ler você. Mas eu poderia ler você"
Ela colocou os cotovelos contra à mesa, suspirando fundo tentando se acalmar sem a ajuda de sua bebida. Kara estava feliz por finalmente ter conseguido conversar adequadamente com Lena. Porém havia muita mais a ser dito. Ela não sabia quando poderia conversar com Lena novamente, e principalmente, não sabia o que se passava na cabeça de Lena. Mais do que tudo no momento, Kara queria saber o que Lena sentia além do que ela podia presumir. Ela queria que Lena se abrisse com ela.
"É como você me disse, vá devagar - isso não é uma corrida até o fim."
"Bem, você se parece com você mesmo, mas você é outra pessoa, só que não está na superfície."
"Bem, você fala como você, não, eu ouço outra pessoa embora, agora você está me deixando nervosa."
Após tomar seu chá, Kara foi até à sala e se afundou no sofá. Ela ficou lá parada olhando para o teto por algum tempo, querendo que sua Lena estivesse lá acariciando seu cabelo com ela deitada com a cabeça em seu colo, enquanto assistiam a romances clichês dos anos 2000. Aquelas lembranças eram extremamente dolorosas para Kara. Sua parte favorita de guardá-las, era poder compartilhar elas com Lena. Mas Lena não estava ali, era Lena, falava e agia como sua Lena, mas ao mesmo tempo não era ela. Ela moveria terras e céus para ter seu mundo novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
E oque acontece agora? || Em Hiatus
AléatoireForam há exatos 8 anos atrás que Kara conheceu Lena. 4 desde que declararam seu amor uma pela outra e 3 desde que se casaram. Mas 5 desses anos foram destruídos em um mês em que Kara passou segurando a mão gélida de sua esposa em coma, ou melhor, d...