Capítulo 3.

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A viagem até Cardiff havia sido longa e cansativa, ela até chegara a se oferecer para dirigir parte do caminho, mas Rose se negou a sair detrás do volante. De longe a pior parte fora o caminho que fizeram pela Balsa, fazia tanto tempo que não saia do solo firme que ela simplesmente havia se esquecido como odiava, e como enjoava, em veículos marítimos.
A primeira coisa que notou ao carro estacionar foi como tudo parecia calmo a sua volta, por alguns segundo se permitiu apreciar as casas em volta, todas pareciam iguais, algumas com mais flores no jardim ou com tons diferentes nas caixas de correio, mas tudo muito parecido, exceto por uma grande construção do outro lado da rua, a casa seguia o mesmo padrão europeu, um sobrado com seus dois andares pintados em cores sóbrias, com seus telhadinhos proeminentes, igual as demais casas, mas com muitos metros a mais. Além disso possuía um grande galpão, que se destacava pelo pé direito maior até que a altura total da casa.
Foi tirada de sua apreciação graças aos latidos agudos vindos de dentro da casa, levou menos de meio segundo para Finn aparecer à porta, vindo de encontro ao carro.
Se sobressaltou um pouco quando o homem abriu sua porta a puxando para fora, mas bastou sentir o abraço para seu sobressalto passar. Era bom sentir aquele abraço familiar.
Após sua chegada, as horas pareceram voar, entre risadas, taças de vinho, arrumação do quarto de hospedes para sua estadia e brincadeiras com o cachorrinho, que ela descobriu chamar "Bebê".
Quando os amigos se recolheram para seu quarto, afinal eles precisavam trabalhar no dia seguinte, Rose já havia perdido um dia de trabalho graças a ela, Rey se viu sozinha no quarto e sentiu toda sua angústia voltar.
Mas bastou ouvir o barulho das patinhas batendo de encontro ao piso e o leve ganido a seu lado na cama, para sentir um leve sorriso voltar a seu rosto. Com cuidado ela pegou o celular ligando a lanterna para poder ver melhor em meio a escuridão, lá estava o cachorrinho de pelos alaranjados lhe encarando, ela afastou as cobertas e bateu de leve no espaço vazio ao seu lado, foi o que bastou para o Corgi subir a cama e se aconchegar ao seu lado.
Rey se deitou, desligou a lanterna, enfiando o celular debaixo de seu travesseiro, abraçou o corpinho peludo e fechou os olhos, não demorou quase nada para pegar no sono.
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Os três dias que se seguiram, foram passados no marasmo da casa vazia durante parte da manhã e tarde, sua rotina se alternava entre assistir TV, brincar com Bebê e dormir, não tinha vontade de sair, e mesmo que tivesse não saberia aonde ir.
Quando sábado chegou, os amigos a levaram para conhecer o bairro e alguns pontos turísticos da cidade, almoçaram em um restaurante especializado em peixe frito e chips, retornando para casa quase no final da tarde, onde Finn sugeriu que eles levassem o cachorrinho para passear, assim ela conheceria o parque dos cachorros perto da casa.
Rey se surpreendeu ao notar como o animalzinho era esperto e obediente, sempre ficando por perto, mesmo quando o homem soltou sua guia.
Quando voltaram para casa, pediram comida chinesa e assistiram a um filme qualquer, aquele foi o primeiro dia em que ela simplesmente apagara todos os acontecimentos de sua cabeça e passara um dia tranquilo.
Porém, o domingo chegou, e junto dele sua melancolia, os amigos receberam um convite para o almoço, e apesar da insistência de Rose, ela preferiu ficar em casa.
Rey estava acomodada ao sofá, Bebê estava enrolado a seus pés, na TV, uma serie policial já não prendia mais sua atenção, foi quando notou o notebook de Rose à mesinha de centro, ela havia esquecido o seu em sua casa, mas tinha certeza de que sua amiga não se importaria se ela o usasse.
Ela deixou o corpo escorregar pelo acento, se acomodando sentada no chão, puxou o notebook e colocando à sua frente, para sua sorte a amiga usava a mesma senha em tudo, senha essa que Rey conhecia desde os tempos de faculdade.
Abriu uma página de internet e no buscador jogou o nome da cidade onde se encontrava.
Havia conhecido bastante pontos turísticos no dia anterior, mas mesmo assim, a ideia de conhecer a história da cidade a fundo, lhe pareceu mais tentadora do que continuar a ver TV.
Complementou o campo de busca com a palavra "história", mas todos os primeiros sites a aparecer eram de informações genéricas sobre pontos turísticos mais famosos e relevo geográfico, estava quase desistindo do computador também, quando um site chamou sua atenção.
Apesar de não se tratar de um site sobre a história da cidade, mas sim um blog com textos próprios que iam desde poesias, até pequenos contos, a jovem mulher se viu presa naqueles texto, em especial no último postado, uma poesia sobre uma jovem com olhos castanhos triste que, segundo o autor, não saiam de seus pensamentos.
Mesmo após a chegada dos amigos, Rey continuou a ler os textos do Blog, era estranho, mas ela se sentia presa àquela página, os textos pareciam tão intensos e verdadeiros. Nem as piadas de Finn, sobre ela estar apaixonada pelo tal escritor e como ele devia ser um velho de 80 anos que copiava os textos da internet só para conseguir nudes de garotinhas inocente como ela, a fizeram largar o note.
Na verdade, ela só parou de ler quando não havia mais textos no tal blog, ao olhar o pequeno relógio do computador se assustou pois já era quase horário dos amigos saírem para trabalhar.
Rey desligou o note, não sem mandar o link do tal blog para seu e-mail e se recolheu para seu quarto, encontrando Bebê dormindo confortavelmente em sua cama, a jovem mulher afastou as cobertas e se deitou, puxando o cachorro para se acomodar melhor a seu corpo, não demorando muito a pegar no sono, em seus pensamentos o nome que assinava todos os textos, "Kylo Ren".

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