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Minha família...não era muito normal, mas acho que era a melhor que eu poderia ter. A única coisa que me dava nos nervos era ele...meu pai. Reviro os olhos ao ver ele entrando colocando a chave do carro no bolso, ao menos ele começou a dar atenção pra minha irmã, mas sinceramente, o estrago já tinha feito. Meu pai passava na casa de vez em quando pra ver minha irmã e ela ficava radiante, mas era chato ver as migalhas de atenção que ele dava a ela e não poder falar nada. A máquina de lavar? Ele pagou o conserto e ninguém sabe que fui eu até hoje. Deus que me perdoe. Minha irmã sorria sem parar e isso me deixava com o coração quentinho, uma das suas primeiras festas de aniversário sem nossos pais estarem juntos mas mil vezes melhor que as outras, minha mãe que coordenou tudo então já dava pra saber que estava muito bom.

"Não fala mais comigo não, estranha?" Meu pai fala se aproximando, só de ouvir a voz dele minha pele repuxa.

"Ué, você que chegou" solto uma risada seca demonstrando minha apatia.

"Nossa poderia pelo menos fingir né" Ele ri tentando aliviar o clima que ele mesmo criou.

"Não sou de fingir, esqueceu?" Dou um sorriso cínico sem mostrar os dentes, ele balança a cabeça contrariado e se afasta. Ótimo. Não tenho paciência, agora que eu estou bem ele quer tentar pagar de bom pai, mas quando eu estava mal só ouvia comentários idiotas que ele fazia referente a mim para outras pessoas, meu pai adorava falar mal de mim e isso não me fazia bem, até eu decidir que eu fingiria que ele não existia. Tem dado certo.

"Vai ficar emburrada a festa toda?" Meu tio chega se aproximando e colocando uma taça de gin na minha mão.

"Meu pai me deixa de mal humor" Murmuro e dou um gole da bebida "E a tia?"

"Pegando o presente da sua irmã no carro" Ele fala e ficamos em silêncio, meu tio era assim, não tínhamos muito o que conversar mas ele era um ótimo ouvinte às vezes e o melhor...ele esquecia tudo que eu falava pra ele então não corria o risco dele contar pra alguém.

"Ai me dá isso" Minha tia diz pegando a taça da minha mão e virando quase tudo o que tinha dentro. "Não suporto seu pai" Ela suspira.

"Bem-vinda ao clube"

Sophia chega chamando a atenção de alguns convidados, ela era famosa na internet então alguns adolescentes conheciam ela e lógico que todos foram pra cima dela na hora. Ela olha pra mim pedindo ajuda silenciosamente e eu dou risada.

"O preço da fama" Falo e ela revira os olhos, algumas meninas pedem pra tirar foto com ela mas logo a deixam ir.

"Minha nossa, gente. Me sinto a Britney no auge da fama. Tudo bom?" Ela fala e cumprimenta meus tios.

"Oi, Soso, o cabelo cresceu" Minha tia fala passando a mão no cabelo dela.

"Mulher, tenho que cortar já, começa a dar trabalho pra secar eu já corto"

Olho pra minha irmã sentada num canto com o celular na mão, essa festa era pra ela mas ela não estava se divertindo, ela passava o tempo inteiro com a cara no celular e por mais que eu brigasse com a minha mãe, ela acostumou minha irmã assim...como se o celular fosse suprir algum vazio, minha mãe acabava deixando com a desculpa de que 'tadinha, hoje seu pai não veio, deixa ela se distrair'. Minha irmã evitava a realidade, eu sabia disso porquê eu fiz o mesmo na idade dela. Vou até ela e pega o celular de sua mão, ela me olha feio e tenta pegar o aparelho de volta.

"Pra que essa festa se você vai ficar no celular?" Pergunto

"Pra eu comer, me devolve" Ela resmunga me fazendo revirar os olhos.

"Você precisa de festa pra comer? Tá passando fome?"

"Não, eu sou rica, esqueceu?" Ela debocha

"Hillary, eu vou te devolver mas quero que você vá curtir sua festa"

RealOnde histórias criam vida. Descubra agora