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1 mês depois

"Moça, mas eu já te falei que não tem como. Você tá me dizendo que eu vou pagar multa se não entregar hoje, e não quer aceitar o carro e a culpa é minha?" Digo frustrada, eu queria xingar em todas as línguas possíveis e principalmente xingar o Vinnie. Ele deixou essa droga de carro alugado aqui e hoje é o dia de devolver mas, adivinha? Eu não posso devolver porquê não foi com o meu documento que eu aluguei e precisam do documento dele para a devolução da droga do carro.

"É só o que eu posso te falar. Eu entendi sua situação, mas são regras. Ele deveria ter devolvido ou pelo menos trocado o titular para o seu nome antes de ir embora" Explica e me apoio sob o balcão soltando um grunhido, eu estava ferrada. Totalmente ferrada.

"Quanto fica a multa?"

"350 por dia"

Arregalo os olhos assustada. Mas bom, não está no meu nome. Eu devo me preocupar?

"Mas o que vai acontecer? Faz dias que não falo mais com ele. E ele mora do outro lado do mundo"

"Bom, ele vai ser notificado de alguma forma, temos todos os dados dele. Se quiser, pode deixar o carro, vou levar uma bronca mas já fui casada e meu marido saiu de casa sem dar a parte dele do aluguel. Fiquei com ódio de ter que pedir e me ferrei sozinha. Te entendo, e vamos tentar entrar em contato com ele o mais rápido possível pra resolver"

Fico ali sem saber se ficava aliviada ou ainda mais preocupada. Poderia acontecer tantas coisas que nem sei. E agora?

"Ah, eu agradeço. E se você puder me manter informada" Dou de ombros

"Eu te ligo." Ela dá um sorriso amigável e volta a assinar uns papéis como se nada tivesse acontecido.

Na volta pra casa chamo um Uber, Soso me dirigiu com o carro até aqui no tempo que ela tinha e logo saiu pra trabalhar numas gravações. Ela estava tão esquisita que chegava a me irritar, eu chegava perto, ela saia, não falava muito comigo.

Fazia um mês que não falava com Vinnie. Aparentemente, ele seguiu a vida dele e eu estou seguindo a minha. Uma das coisas que isso me incentivou foi a começar aulas de direção pra tirar minha carteira de motorista, mas o medo de pegar no volante estava sendo terrível e me atrapalhava muito. Dá vontade de olhar no espelho e gritar comigo mesma 'que saco, garota, tem medo de tudo também, hein?'

Não, eu ainda não consegui superar ele. Mas já consegui parar de ficar sensível quando vejo algo sobre ele, ou quando falam dele. O que já é um começo.

Tenho me mantido ocupada, o Jordan realmente tinha virado um ótimo amigo e como ninguém mais comentou nada sobre nossa amizade, me sentia mais a vontade pra passar um tempo com ele. Eu não o via como a Sofia falava, eu sei que no começo não suportava ele mas foi só no começo mesmo.

Faltavam algumas semanas para o Rock in Rio e além de estar dançando com a Tainá, estava ensaiando por horas com a equipe da Luísa Sonza. Ainda fico deslumbrada quando penso que vou dançar no Rock in Rio, com a Luísa Sonza, aquele palco enorme, muito mais pessoas.

Por outro lado, as bailarinas da Luísa não foram tão receptivas, nem mesmo ela. Faz umas 3 semana que ensaio com eles e ainda não troquei uma palavra com ela

Pra não falar que não trocamos, houve um interação onde ela disse que eu estava muito pra frente na minha posição, eu senti vergonha, abaixei a cabeça e fui um pouco pra trás. Mais nada.

Ninguém me tratou mal, mas também ninguém fez amizade comigo. Aos poucos eu aprendia que esse mundo é bem cruel quando quer ser e se eu quiser ter minha carreira vou ter que aguentar esses momentos, sem falar no nível de dificuldade, as coreografias são muito mais rápidas, mais difíceis e às vezes eu me sentia um saco de batata dançando perto deles, todos tão experientes.

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