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Bato a mão sob o aparelho celular mais uma vez, minha vontade era de jogar ele longe mas não podia.

O alarme toca incessantemente até eu apertar o botão de desligar, reviro os olhos notando que Vinnie ainda estava dormindo e um sorriso vitorioso aparece em meus lábios, até que ele segura meu pulso me dando um susto.

Ele sempre fazia isso.

"Ai, que saco" Resmungo.

Já era dia 3 de Janeiro e parecia que tudo iria desmoronar. A Sofia realmente iria se mudar de vez e a Laura iria para Nova York, em questão de um dia eu estaria sozinha já que Vinnie também teria que ir embora.

Quando foi que eu perdi todos tão rápido?

Eu queria passar férias com eles, aproveitar o calor de SP, que o Vinnie conseguisse pelo menos ver um pouco do carnaval daqui. Mas, infelizmente éramos todos adultos e quando a vida adulta chama temos que atender.

"Qual é a sua com essa de arruinar a hora que eu levanto?" Ele ri fraco abrindo seus olhos.

"Não quero existir hoje" Resmungo seriamente e escondo meu rosto entre o edredom e o travesseiro.

"Para com isso. Elas não vão se desintegrar, só vão estar do outro lado do mundo" Ele fala como se estivesse explicando isso para uma criança de 10 anos "Vai ficar tudo bem"

Vinnie tem aguentado minhas crises de choro por causa disso desde o ano novo, Laura e Sofia nem faziam ideia disso porquê eu nem queria que elas soubessem mas eu não estava conseguindo lidar bem com a ideia de não dividir mais o apartamento com elas.

Tudo iria mudar. Absolutamente tudo.

E talvez eu não estivesse pronta.

Eu só precisava de tempo e era tudo que eu não tinha.

"Ei" Vinnie levanta sua cabeça, confuso com o meu silêncio "Achei que estivesse chorando de novo" diz passando a mão em meus cabelos depois dá um beijo de leve em minha testa.

"Não, só pensativa" Murmuro. "Acho que sou muito dependente das pessoas" Confesso "eu sempre fui assim, quando uma amiga visitava ela ia embora normal, sem achar ruim de estar indo e eu....não queria que ela fosse embora. Eu tinha a impressão de que eu sempre era a pessoa que ficava, como se eu fosse uma estação de trem e todos os outros iam e vinham sem problema algum e eu lá parada"

Eu nem sabia porque estava falando isso mas, estava.

"Talvez você não se dava a oportunidade de ir e vir também"

"Para" Faço uma careta e ele começa a rir.

"Para de estar certo?" Ele ri fraco abrindo um sorriso falso "é?"

"Para de ser chato, ugh. Eu só... tá, talvez você esteja certo. Eu tenho medo de mudanças." Admito.

"Nossa, nem notei" Ele ironiza "O esforço que você faz para as coisas não mudarem te dói mais do que a mudança em si, que às vezes é inevitável" Concluiu me fazendo levantar a cabeça e encara-lo

"Desde quando você virou psicólogo?" Ergo a sobrancelha em questionamento e ele começa a rir passando a mão em seus cabelos "Eu acho que não sei ser adulta" me jogo na cama novamente, bufando.

"Ninguém sabe. Não tem tipo um manual de instrução pra ser adulto, linda" Ele fala e passa a mão em meus cabelos, colocando os fios pra trás

"Tenho medo das coisas mudarem tanto e algo dar errado." Admito e começo a me levantar da cama indo em direção ao banheiro, não queria falar sobre isso mas, agora já tinha escapado.

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⏰ Última atualização: Jul 30 ⏰

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