•Capítulo 1•

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         Ele estava destruído. Alguma parte dentro dele queimava, mas ele a ignorava como podia. Era outono, as provas finais logo começariam o que tornava a sala numa energia de estudo e bagunça. Ele repgugnava qualquer coisa fora do lugar, qualquer superfície que tivesse um mínimo inclinado, o fazia ter uma crise. Aquela manhã não foi diferente, a professora escreveu no quadro:

Conjucão dos

         Edgar não conseguiu mas ver nada além dos   outros giz em cima da mesa amontoados. Sua testa soava, ele não precisava mais tapar os ouvidos, não adiantava, dava para entender as risadinhas atrás de si.

Esquisito. Esquisito.Esquisito

         Saiu da sala correndo.O banheiro era o único lugar onde ele podia chorar. As frases ainda ecoavam na sua cabeça. Pediu para ir embora à direção da escola. Ele só precisava chegar em casa, inventar uma desculpa para a mãe e se cobrir com o lençol. Mas, isso não aconteceria tão cedo. O mandaram para a enfermaria. Ele sabia que não adiava dizer o motivo. A enfermeira era gentil, mas uma subordinada da escola. Edgar desviou os olhos para seu busto enquanto ela pegou seu braço para colocar a bolsa de medir a pressão e notou que aquilo não o fazia sentir nada. Absolutamente nada. Ele já tentara outras vezes sentir algo por mulheres e nada o afetava. Abaixou a cabeça e visualizou Marine do lado de fora da sala brincando na grama com uma pipa. Ela sorriu para ele. Edgar não sorriu, estava cansado de ver ela indo e vindo. Como uma fumaça. Marine. Fechou os olhos rapidamente e os abriu logo em seguida. Ela já se fora.

           - Sentiu algum enjôo? - a enfermeira o despertou de seus devaneios.
          - Não, só um pouco de... - procurou as palavras certas mas nada encontrou. - cansado, é... o estresse das provas, hum, é ,foi.

          A enfermeira assentiu. Edgar quase teve vontade de implorar por liberdade mas não pediria isso nunca. Fez uma cara de desgosto. Talvez funcionasse.

         - Você parece abatido, mas está tudo bem...

DROGA. DROGA.VADIA.

         - Mas precisa descansar. Você está livre por hoje.

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         Edgar pegou o último ônibus daquela tarde, mas não foi para casa. Os sentimentos de obsessão haviam cessado. Ele queria poder ver Marine outra vez. Mas ela nunca vinha quando ele precisava dela mais que qualquer coisa na terra. Caminhou até o cemitério. Procurou seu túmulo, não foi difícil de encontrar. Sua foto ainda estava em bom estado. Doce Marine. Por ela, ele daria a vida, casaria com ela, a amaria com todas as forças que tinha. Se abaixou, de joelhos chorando.

Você mentiu. Você não voltou aquela manhã. Você mentiu. Você mentiu...

        Edgar não sairia dali em paz, ele sabia. Teria Marine outra vez. A qualquer custo.

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X. E.V.E.SOnde histórias criam vida. Descubra agora