•Capítulo 2•

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        Depois de conhecer pessoas, você nunca mais é a mesma pessoa. Edgar pensou sobre isso quando saiu do cemitério e caminhou até sua casa. Já estava em sua cama havia um tempo esperando os pais dormirem. Leu um pouco do capítulo do livro que começara a ler, esperou uma hora depois de ouvir total silêncio, pegou sua mochila e desceu as escadas devagar, quando já estava com as mãos na maçaneta ouviu a voz de seu pai em meio a escuridão, o fazendo dar um salto de nervoso:

     - Ed, o que está fazendo!?

        Edgar pensou sobre o que poderia dizer, mas não encontrou palavras. Segurou nas mangas da bolsa, estava pesada o suficiente. Como a luz da sala era quase inexiste Will não viu que o filho estava de mochila.

     - Só pegar um pouco de ar...

     Will franziu o cenho, querendo entender o porque de seu filho estar agindo daquela forma. Mas ele não era um pai , nem sua mulher, eram pais rigorosos. Will pensou em dizer que ele teria aula no dia seguinte mas então lembrou que era sexta-feira. E o filho sempre fora responsável. Apesar de nunca ter-lhes apresentado uma namorada formalmente ele pensou que poderia se tratar de alguma moça. Meneou a cabeça pro lado. O filho não era mais uma criança. Faltava dois dias para seu aniversário de 18 anos. Ou só estivesse com vontade de ficar um pouco na varanda de casa como sempre faziam e bebiam uma cerveja.

      - Vá, vá. Não vou trancar a porta. Vou voltar a dormir. Encoste a porta e não demore.

        Will subiu as escadas. Edgar pensou em dizer.

Não Pai. Eu não vou voltar logo. Eu vou buscar a Marine. Tranque a porta.

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         Mas não disse. Olhou para a porta de casa, ponderou sobre desistir, mas aquela altura ele não tinha mais nada a perder, o desejo obsessivo por Marine o fazia ter um ódio incontrolável. Fechou os olhos por um momento. Cada passo era uma certeza de que ele não voltaria atrás, não importava quem ele iria machucar. Alguém havia machucado Marine. Alguém iria sentir o que Marine sentiu. A mesma dor, o mesmo suspiro de dor e medo.

        Caminhou duas quadras até chegar ao cemitério. Às vezes Edgar percebia o quanto a cidade era precária de proteção, até mesmo para os mortos. Havia um cadeado no portão, mas não havia cerca elétrica. Já passara diversas vezes por ali em horários tardios e não havia vigia, nem mesmo uma câmera ali ou em alguma casa próxima ou estabelecimento. Na realidade , era um bairro bem pobre. Onde as casas eram feitas de barro ou a maioria por conjunto de casas geminadas. Aquela parte da cidade poderia facilmente e era ,na verdade, esquecida pelo resto da população. Edgar olhou pelo aredor para ter certeza de que não havia ninguém. O muro era baixo e Edgar alto e cheio de disposição. Pulou o muro rapidamente e procurou pelo túmulo de Marine. O túmulo era pequeno, retirou seus utensílios: uma pá média, martelo, alicate, e começou a cavar a sepultura. Marine.

Vou ter você novamente. Marine. Você é minha. Sempre minha.

        Cada areia removida Edgar tinha certeza que fazia a coisa certa. Apenas ele amou Marine. Apenas ele sentia coisas por uma garota. Amaria seus ossos, porque foi o que restara dela. O que havia de bom se fora, ele agarraria o negro e obscuro prazer do que ela era agora. Apenas ossos.

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X. E.V.E.SOnde histórias criam vida. Descubra agora