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Ele não estava cansado, mas começava a entrar em pânico com a sensação da areia entre os dedos das mãos. Correu para o banheiro e demorou cerca de uma hora para se limpar. Colocou seu pijama e abriu a mochila, tirando a sacola. Pegou um lençol e o colocou no chão, colocando logo em seguida os ossos em cima. Uma vez a sós com aquilo em sua visão, ele chorou e prometeu vingança.
Marine era só uma criança. Ela não teve justiça! Essa cidade de merda vai pagar por isso.
Ele pensou que teria nojo. Mas não. Ele só queria acariciar sem parar o que restara dela. Marine era tudo o que ele queria na vida, nada o interessava depois que ela se fora. Alisava com a ponta dos dedos o que seria seu fêmur. Ele conhecia os ossos, entendia de medicina desde os treze anos de idade por vontade própria, tinha a ambição de se tornar médico cirurgião. Era o que ele faria. Por si mesmo, por seus pais por Marine. Ele salvaria crianças como ela. Permanecia alisando quando a mãe bateu a porta.
- Edgar, filho?
Edgar juntou os ossos e os cobriu com o lençol, colocou em cima da cama.
- Um minuto, por favor.Edgar abriu a porta e ficou parado perto da cômoda de roupa. Sua mãe o olhava com certa preocupação.
- Você precisa de algo?
- Não , mãe ,eu estou bem.
A mãe olhou o local e avistou um lençol jogado em cima da cama. Questionou o filho, ele mantia tudo arrumado, não suportava desordem.
- Aquele lençol está sujo? Eu posso lavar. - disse ela já se aproximando da cama do filho.
Edgar sentiu o coração disparar, retrucou firmemente:
- Não! Esse lençol eu vou guardar agora mesmo não se preocupe. E eu gostaria de ficar sozinho novamente.
A mãe sabia que aquilo era um pedido fiel. Saiu e encostou a porta. Edgar suspirou aliviado.
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Dois dias depois , à noite enquanto jantavam, a televisão ligada na sala , no noticiário da cidade, informou um ocorrido. O pai interessado, percebeu que a televisão estava em um volume baixo , foi até a sala pegou o controle e aumentou o volume. A repórter relatava um fato.
''... O coveiro, que também é responsável por cuidar diariamente do cemitério alegou ter feito seu trabalho normalmente ao logo do dia naquela manhã e não notara nada de estranho, mas ao chegar da tarde do dia vinte e quatro de 2006 ...''
O pai de Edgar chamou pelo filho:
- Olha Edgar, esse cemitério é o que fica aqui perto...Edgar soltou seus talheres imensamente sobre o prato e olhou para o pai com atenção e espanto.
''... De acordo com o relato do coveiro ele notou que uma das covas aparentava ter sido violada ,pois haviam pegadas na areia e a cruz do túmulo também estava sujo de areia. No muro do cemitério também haviam manchas de calçado. De acordo com a prefeitura da cidade , o local não possui câmeras, nem mesmo nas proximidades, o que dificulta a investigação. Dado o relato prestado pelo coveiro obtemos a informação de que o túmulo de fato foi aberto, pois o caixão se encontrava com evidências de arrombamento. Aguardamos mais informações...''
Edgar olhou para o pai , este começou a falar:
- Isso é uma nojeira, Deus sabe o que aconteceu com esse cadáver, minha nossa senhora, nem morto o cidadão está salvo...
- Fico triste com isso e eu pensando que esse cidade era a mais tranquila. - comentou a mãe com a mão no peito.
Edgar pegou uma ervilha e a pôs na boca antes de falar:
- É muita injustiça, e o culpado deve tá solto, é sempre assim...
O pai olhou para a televisão pensativo e depois falou para Edgar:
- Não quero mais que saia a noite sozinho , entendeu, essa situação, eu não confio. Gente ruim fazendo coisa ruim pela cidade.
- Tudo bem, papai.
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X. E.V.E.S
HorrorEdgar é um garoto solitário, portador de TOC( Transtorno Obsessivo Compulsivo). Seu sonho é se tornar cirurgião, mas será que os seus desejos mais obscuros irão deixar de lhe atormentar?