Quando o outono chegar

O fio

Dizem que, ao nascer,
Nossa alma está ligada
À outra sem perceber.
Alma que já é amada,
Mesmo sem se conhecer.

O fio que as duas une,
É vermelho carmesim,
E não há quem fique imune.
Em seu abismo sem fim,
brilha soberano o vaga-lume.

No fio estão impregnados,
Promessas, sonhos, amores,
Carícias, dedos entrelaçados,
Suave perfume de flores,
Desejos esmiuçados.

Almas em sincronia,
Almas em desapego,
Que valorizam a harmonia
E buscam o aconchego,
Fugindo da agonia.

As almas se reconhecem,
Se vêem, se identificam.
Olvidam do que padecem,
O espírito edificam e
O tapete do futuro tecem.