Capítulo 4 - Me busca na delegacia?

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Capítulo 4 

 Levi 

 Meu carro está na merda do conserto, vou ficar sem ele até amanhã. O que me deixa nas mãos da Mikasa, que vai ter que me levar embora no seu carro.

 A Mikasa mora na minha casa. Quando seus pais morreram, eu a trouxe para morar comigo e com o meu tio. 

 Eu cresci sendo criado pelo meu tio Kenny, porque minha mãe morreu quando eu ainda era criança. Quando fiquei com uma certa idade, os pais da Mikasa também morreram. Um médico se voluntáriou para cuidar dela, mas eu senti como se fosse minha obrigação cuidar da minha prima. Então agora ela mora comigo. E quando me casei e tive a Gabi, a casa ficou bem animada. Mas como a família Ackerman é cercada por tragédias, minha esposa morreu num acidente de carro. 

— Levi, não vou dormir em casa hoje. — diz Mikasa, secando a louça. Arqueio a sobrancelha, fazendo uma pergunta silenciosa. — Marquei de assistir filmes com os meus amigos.

— Você não vai dormir sozinha com o Eren, né? — nega balançando a cabeça. Eu não gosto muito do Eren, para mim ele é um safado que tá louco pra comer a minha prima. Ela fica todo vermelho quando eu me aproximo de si. 

— A Annie e o Armin também vão.

— Você se da super mal com essa menina. — Eu já vi as duas trocando farpas quando se encontraram. Parece que quando ainda estudavam, as duas caíram no braço por sabe se lá qual motivo. Mas desde que o Armin começou a namorar a Annie, as coisas têm sido diferentes. Agora a Mikasa precisa aturar ela por causa do melhor amigo.

— Eu vou me controlar. — dou um longo suspiro. 

— Ok. Se divirta. Não volte para casa grávida. — Ela revira os olhos. — É só um aviso, Mikasa. Eu sei que você ainda…

— Levi! — tenho certeza que ela quer me dar um chute. 

 Fechamos o café. Mikasa me deixa em casa. Assim que abro a porta da sala, vejo a Sasha jogada no chão comendo uma batata assada, enquanto a Gabi está deitada no sofá assistindo aqueles desenhos que ela gosta, os tais animes.

— Você é desprezível, Sasha. — comento encostado no batente da porta. Ela se levanta num pulo, fazendo a Gabi rir. 

— Eu…

— Cheguei! — meu tio, quem costumo chamar de pai, entra pelo mesmo lugar que eu. — Cadê minha pequena? — Gabi corre para abraça-lo. Os dois se dão super bem. Kenny se sente avô dela, dá muita atenção e carinho. 

— Levi, já estou liberada? — assinto. — Então eu vou indo, vou sair com uns amigos.

— Ok. — vai embora. — Eu preciso dormir.

— Pai, vamos assistir um filme? Você disse que a gente poderia ficar juntos de noite.

 Droga, eu disse mesmo.

— Tá bom, só preciso de um banho antes. Nos acompanha, Kenny? — pergunto já seguindo para o segundo andar da casa. 

— Hoje não. Vou tomar chopp com uns amigos.

 Incrível como todo mundo tem planos para hoje, enquanto meu plano consiste em ficar assistindo filmes embaixo de um cobertor, com a minha filha.

 Depois de um banho relaxante, vou para o quarto da Gabi. O quarto é pintado de cinza e é cheio de desenhos que ela mesma fez. Ela é uma ótima artista. Também há pôsteres de animes, de bandas e uma penteadeira cheia de maquiagem, que era da mãe dela. E eu dei uma TV para ela nesse último Natal, nem preciso dizer que amou. 

 Nos deitamos embaixo dos cobertores, então Gabi escolhe um filme qualquer e encosta a cabeça no meu ombro. Não presto atenção no filme, fico mais concentrado em pensar como as coisas seriam dez vezes mais fácies se a Petra ainda estivesse aqui.

 Ainda consigo me lembrar muito bem daquele dia. A Gabi brincando no chão da sala, estava chovendo muito, eu estava preocupado com a Petra, já que ela viria de carro para casa. 

 Então, uma reportagem passou na TV dizendo que um carro derrapou na estrada e bateu de frente num caminhão. Em seguida, o telefone tocou. As próximas horas foram o terror. Deixei a Gabi com a Mikasa e corri para o hospital. Reconhecer um corpo é uma experiência traumatizante. Eu nem consigo definir o que senti quando vi o corpo da Petra dilacerado. Meu coração foi destroçado. Eu chorei, chorei como nunca. Eu fiquei com medo, como iria contar para uma menina de cinco anos que a mãe morreu? 

— Pai, você tá assistindo? — olho disperso para ela, que está emburrada. Gabi odeia quando eu durmo durante um filme.

— Tô.

— Pai, você sente falta da mamãe? — sua pergunta me pega desprevenido. Pisco algumas vezes para assimilar a pergunta. 

— Sinto.

— Eu também. Às vezes eu queria ter outra mãe. Mas você nunca namora, aí fica difícil. O vô sempre troca de namorada. E a Mikasa namora o Eren faz um tempão.

— Sei disso. Mas não é tão fácil arrumar um par, Gabi. Eu não estou apaixonado por ninguém no momento.

— Você amava muito a mamãe… — sussurra. — Por que não dá uma chance para a Isabel? — me engasgo com a saliva. 

 Isabel é a professora de ciências da Gabi. Segundo minha filha, a professora é caidinha por mim, mas eu me faço de sonso. Não quero namorar ela, na verdade, ninguém. 

 Meu celular começa a tocar, é o Kenny.

— Levi, pode vir me buscar na delegacia? 

— O quê?! — grito, já me levantando. — Tô indo! Gabi, pega o casaco! 

 …

 Quando chegamos na delegacia, consigo escutar gritos. E o pior não é isso.

 Eu conheço a voz da mulher gritando feito louca.

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