Capítulo Seis 1/2

29 7 31
                                    

Pelo resto do dia, fico com um nó na garganta, existem palavras que gostaria de atirar na cara daquele idiota. Porém, me contento a cumprir minhas tarefas ao final do dia, interrogatórios e missão a ser planejada. Quando tenho tempo vou até a copa tomar mais uma xícara quente de café e esfriar a cabeça.

Fico feliz de não cruzar nos corredores na volta para o setor investigativo com o detetive babaca de novo, senão eu não sei se poderia me controlar.

Mike e Felipe saíram para realizar um mandato de prisão de um assassinado alguns minutos atrás, então fico sozinha, sem nenhuma companhia no resto do expediente até sair do trabalho.

As ruas estão parcialmente vazias, uma fina chuva cai, o que deixa Nova Iorque um fria. Não gosto de chuvas. Odeio o frio. Diferente das outras pessoas, não vejo uma vibe terapêutica com som de chuva caindo no telhado e o frio.

Bem agasalhada com a jaqueta de couro e com uma mochila nas costas, vou em direção a garagem, virando um conjunto de chaves gêmeas em uma mão e segurando o capacete na outra.

Um sorriso genuíno se abriu em meu rosto e quase me derreto quando vejo meu bebê reluz sobre a luz fluorescente do estacionamento.

- Olá meu bebê, estava com saudades da mamãe? - Faço uma imitação tosca com a voz, aquela que as pessoas usam para falar com os bebês e os animais de estimação-Eu também senti sua falta.

Kawasaki Ninja H2R, uma belíssima máquina japonesa lançada a poucos mais de sete anos que pode atingir a impressionante marca de 400 km/h.
Se tem uma coisa que sou obsessiva é por máquinas que atingem velocidade extremas em poucos segundos. Carros ou motos quanto faz, a minha paixão é sentir a maciez de andar sobre o asfalto. Às vezes, nos meus dias de folga, tudo que eu faço é pegar as chaves do carro e me perder enquanto dirijo sem ter um lugar específico para ir. Sentindo o coração dessas belezinhas ganharem vida e ouvir o ronco dos seus motores.

A velocidade é o meu prazer.

Nem sei quando foi a última vez que saí de casa de madrugada para sentir aquela emoção, aquela vibe de dirigir sozinha noite adentro como se nada no mundo pudesse me deter.

Estava no ensino médio quando meu pai me presenteou com um carro. Um Chevrolet azul novinho em folha. Não demorou muito tempo até minha carteira sair, mas também não se passou muito tempo até eu receber minha primeira multa por excesso de velocidade em uma rodovia de 70 km. Fiquei um mês sem carro e tive que pagar a multa com o dinheiro que estava guardado para uma viagem no final do ano com algumas amigas. Foi a primeira e última vez que recebi uma multa, também depois de revisar todas as placas e leis de trânsito que meu pai mandou, quem não traumatiza?. Isso tudo quando tinha só 17 anos. A partir daí comecei com uma rotina de sair durante a madrugada às escondidas e dirigir fora da cidade em velocidade máxima, longe dos olhos dos guardinhas do trânsito.
Até mesmo as filhas de delegados bem prestigiados podem fazer um pouquinho malandragem durante o tempo livre.
Que meu pai não sabia disso.

Com um sorriso travesso no rosto, coloco as luvas de couro desgastadas e passo a perna por cima da moto, aproveitando para ligar e aquecer o motor frio.

Os faróis iluminam metros à frente. A moto faz aquele som gostoso e baixinho quando acelero. Faço uma dancinha idiota encima da moto, sentindo a liberdade relaxante que a muito tempo não sentia. Desço uma mancha e solto a embreagem devagar, sem residência, a moto segue em frente de forma suave, que demorei tempo para aprender e aperfeiçoar ao longo dos anos.
Faço o caminho mais longo para casa, seguindo o fluxo do trânsito engarrafado, cortando entre os carros com o mais cuidado possível e sigo em direção a ponte do Booking, que é tão bela quanto a ponte do Manhattan. Sinceramente uso as duas, contanto que me leve em direção de onde quero.

meu detetive babaca (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora