Capítulo quinze

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O som leve de passos me desperta, sempre tive sono leve e mesmo quando estou mergulhada no cansaço e no sono como agora, sou perfeitamente capaz de distinguir o andar altamente treinado de passos comuns. Sendo filha de quem eu era, é óbvio que tinha recebido um treinamento diferenciado desde da adolescência. Eu já falei que sou sandan e tenho Faixa Preta no judô e que comecei a praticar Aikido?

Enfim, se eu não fosse policial, ainda saberia muito bem me defender sozinha.

Fico paradinha na cama quando ouço o leve ranger da porta se abrindo, permitindo que uma brecha de luz entre no quarto, é crucial o invasor pensar que estou realmente adormecida, totalmente vulnerável, isso vai servir para o meu ataque surpresa.

Inspiro baixinho e profundamente e depois solto com a maior lentidão que eu consegui naquele momento, tentando imitar a respiração normalmente mais pacífica durante o sono, isso também fazia parte da minha bela atuação mesmo quando eu estou lutando contra a adrenalina que corria em minhas veias.

De repente uma sombra caiu sobre mim, meu corpo paralisa quando uma respiração quente toca no meu rosto, em questão milésimos de segundos minha mente trabalha em um plano rápido para fugir dessa situação. Eu sei que havia poucos centímetros entre nós. Reagi ao sentir o toque de seus dedos em meu pescoço.

Eu nem sei o que houve depois disso. Que dizer, numa hora a pessoa estava em cima de mim e na outra, com um ataque intuitivo, estava com o peito contra o chão.

Aperto meus dedos contra a nuca do sujeito, só me permito desacelerar a respiração quando faço força contra o corpo do idiota com a perna direita.

Um gemido baixinho foi tudo que eu ouvi dele no primeiro momento.

Ele não tentou lutar e nem se debateu debaixo de mim, como se soubesse que qualquer momento poderia lhe causar mais dor.

Não que ele esteja errado, mais saber que ele sabe disso me deixa contente.

—O que está se passando pela sua cabeça para ao menos pensar que poderia me pegar de surpresa, seu babaca.

Não foi a primeira vez que alguém tentou me sequestrar. Ser filha de um homem poderoso tem seus riscos e um desses riscos é estar sempre em perigo. Taí mais um motivo pra saber me defender sozinha, proteção nunca é demais né? Nunca se sabe quantos babaca estão à espreita.

—O gato engoliu a sua língua babaca?— imobilizar alguém não faz essa pessoa perder a capacidade de falar, ou faz e eu não tô sabendo. - Tá tão chocado por ser derrotado que perdeu o raciocínio?

—A única coisa que me faz parar o raciocínio é ter suas belas pernas em cima de mim, amor.

Fico em choque em reconhecer aquele tom de voz, sei disso por que essa é voz família ficou ditando regras do eu poderia ou não fazer a tarde todinha. lá no fundo do meu ser, eu queria acreditar que esse pesadelo em forma de gente não estava na minha casa em plena madrugada. e só o universo sabe como esse babaca entrou aqui.

Será que ele sabia arrombar portas? Esse era o tipo de treinamento que ele recebeu na academia enquanto se formava? impossível. ou foi meu pai quem andou treinando esse maluco essas coisa?

Fico irritada só de pensar. Irritada e muito injustiçada.

Antes que eu pudesse perceber o que estava fazendo, eu já tinha virado o babaca com mais força do que o necessário, até posso ter ouvido alguma parte do seu corpo estalar, tirando o baque de quando seu corpo pesado caiu no chão. Meu punho se fecha e só pude sentir a força do impacto da minha mão atingindo seu rosto. Doeu um pouco, foi como se eu tivesse tentando bater em algo macio ao mesmo tempo em que batia em uma parede.

meu detetive babaca (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora