CAPÍTULO 02

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Final de Agosto, Rio de Janeiro.

J U L I A

Schopenhauer acreditava que o amor era um mal necessário, terrível, instável e dilacerante, mas fundamental e que não deveríamos sofrer tanto por ele, pois não iriamos amar apenas uma vez na vida.
 
E quando eu era mais nova e apaixonada, não conseguia entender, e no momento em que meu pai me fez perguntas sobre isso, a Julia de 15 anos respondeu que era impossível amar mais de uma vez na vida, mesmo sabendo da história de meu pai Adriano em relação ao amor. Só que então, àquela Julia apaixonada e sonhadora foi esmagada e jogada fora pelo cara que se dizia ser o homem perfeito para ela.
 
A vida é engraçada e uma cadela desprezível na maior parte do tempo, mas ainda é possível tirar proveito das situações em que nos encontramos. Quando descobri a traição de Bernardo, foi como levar um tiro a queima roupa bem no meu coração, passei a perder as esperanças no amor e até mesmo desejar coisas que não deveria. Só que eu já havia perdido a mulher mais importante da minha vida e me recusava a sofrer além do necessário por alguém, era totalmente injusto comigo mesma cair em depressão por um alguém que não merece minhas lagrimas e o meu coração.
 
Perder quase seis anos da minha vida com um cara que me prometeu um amor para vida toda, um futuro juntos e uma família, foi demais. Eu havia começado a namorar com o Bernardo quando tinha 15 anos, nossos primeiros meses de relacionamento foram escondidos, mesmo tendo uma relação aberta com os meus pais, preferi assim porque queria saber se iria dar certo ou não, e quando fiz 16 anos e estávamos perto de completar um ano juntos, assumimos para as nossas famílias o nosso namoro. Bernardo foi o meu primeiro em tudo, meu primeiro amor, meu primeiro namorado, primeiro parceiro sexual. E obviamente, sua traição me causou certos traumas que se juntaram com os meus outros problemas por perder minha mãe cedo demais e foi horrível, precisei ser forte para superar um relacionamento tão longo.
 
— Julia, Julia? — A voz firme do meu chefe Ricardo me faz sair de minha linha de pensamento. — Está tudo bem?
 
Rapidamente, levanto minha cabeça para ele, o que me faz sentir uma leve pontada de dor.
 
— Bem, apenas com um pouco de dor de cabeça. E falando em dor de cabeça, você tem uma reunião com os acionistas em menos de 10 minutos. A sala já está preparada.
 
Estou no meu antepenúltimo ano no curso de Arquitetura e Urbanismo, escolhi seguir com a carreira da minha falecida mãe e estou extremamente feliz por isso, é como estivesse um pouco mais interligada a ela, mesmo tendo tão poucas lembranças vivas do que vivi com ela.
 
Gosto trabalhar sendo a secretaria do Ricardo, e já trabalho na M&F Arquitetura há praticamente três anos. Mesmo não precisando do emprego, eu gosto de ter a minha independência, de saber que tudo o que tenho vem do meu trabalho e não do dinheiro que minha mãe deixou de herança e nem mesmo pelos milhões que os meus pais ganham todos os anos. Eu sou uma garota de sorte, nasci em berço de ouro, tenho meus privilégios, então o mínimo que eu posso fazer é doar alguns milhões paras as pessoas que realmente precisam e assim eu fiz e faço todos os anos. Trabalho em ONGs que ajudam crianças e famílias carentes do Brasil e até mesmo em países pequenos que só conheço porque sempre fico por dentro do que acontece nas ONGs e para onde o dinheiro está, de fato, indo. Algo que minha mãe fazia e que eu tenho orgulho de continuar fazendo.
 
Ao longo dos anos, aprendi tudo sobre a breve estadia de Amanda nesse mundo, e doce Jesus, minha mãe era uma das pessoais mais gentis e livres que eu já vi, amava tanto a vida que fazia de tudo para viver da melhor maneira possível, sempre ajudando os necessitados. Seria eufemismo dizer que ela era boa demais para esse mundo.
 
— Certo, irei precisar de você nessa reunião. — A suplica em sua voz é cristalina e parte de mim sabe que ele não precisa de mim lá, mas também sei que reuniões como essa são uma ida só de volta para o inferno se for lidar sozinho com os acionistas.
 
— Oh céus, eles já chegaram — digo, ao olhar a mensagem de Clara em meu iPad. — Eu irei exigir um aumento se conseguirmos sobreviver a essa reunião — falo após me levantar de minha cadeira e ajeitar a minha saia.
 
— Você terá, não duvide disso — ele responde, com seus olhos castanhos claros presos no elevador.
 
Velhos ricos são odiosos quando querem ser, entupidos de dinheiro e arrogância. Tenho quase certeza de que essa é a única parte do trabalho que eu gosto menos, um dos problemas que tenho que enfrentar por trabalhar com pessoas. Minhas interações sociais são excelentes, nunca tive problemas com isso, embora não seja realmente fácil falar tão abertamente com estranhos, posso ser bem fechada quando se trata dos meus sentimentos e problemas, fora isso, eu sou a melhor. Vejo esse trabalho como a maneira de me preparar para ter a minha própria empresa, pois devo assumir as empresas que Amanda deixou em meu nome depois que eu me formar. A ideia ainda parece um pouco crua em minha mente, mas sei que posso e vou honrar o trabalho de minha falecida mãe.
 
— Deixei tudo pronto, você só precisa do seu momento chefão e não matar os velhos — murmuro para meu chefe, enquanto observamos os acionistas saírem do elevador e virem em nossa direção.
 
— É quase impossível.

CINCO DA MANHÃ | COMPLETO NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora