S I N O P S E
Se apaixonar nunca fez parte dos planos de Miguel Monteiro.
Dono dos olhos verdes brilhantes e catatônicos, corpo coberto de tatuagens e um sorriso de tirar o fôlego, Miguel é tudo que alguém pode querer; ele é desejo, fogo, amor, louc...
*Assim que esse capítulo bater 200 votos e 200 comentários, posto o capítulo 04
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Final de Agosto, Rio de Janeiro.
M I G U E L
No que eu estou pensando? Sua pergunta me pegou de surpresa, e eu definitivamente não esperava que ela me encontrasse aqui em cima, não depois de meia-noite. Para falar a verdade, não quero ficar sozinho com ela, e sim, eu gosto de ter esses momentos únicos em que sinto paz ao estar com ela, mas é uma verdadeira tormenta também. E por mais que seja ótimo estar com Julia, ainda preciso me afastar de todos e ter um misero momento preso comigo e os meus pensamentos, sinto essa necessidade de me esconder do mundo às vezes, um modo de fuga para me manter vivo sem perder a cabeça.
Virando-me para finalmente olhar para ela e tentando controlar o batimento acelerado em meu peito, algo que falho miseravelmente, eu finalmente a encaro.
— Seriamente?
Ela balança a cabeça.
— Seriamente.
Não preciso pensar muito para responder. Olho para a tinta em minhas mãos, as cores escuras e carregadas beijando minha pele da maneira mais verdadeira e viva do que se pode ver aos olhos nus.
— Seriamente, agora estou pensando em como perdemos momentos importantes — digo, e ela me encara com uma leve pressão em seus lábios carnudos.
— Por exemplo?
— A cidade, por exemplo, é chamada de cidade maravilhosa por sua beleza.
Quando era criança, li em um livro que o Rio de Janeiro havia ganhado esse título em 1904 por ser uma das cidades mais belas do país, e bem, não há como discordar, há uma beleza nessa cidade que faz com que todos se apaixonem por ela. Meus olhos se voltam para os prédios a nossa frente, e mesmo tendo as luzes da cidade, a lua ainda ilumina o céu com seu brilho único.
— Mas estamos tão presos em nossos problemas que não somos capazes de ver porque nossos olhos estão fechados para o que realmente temos e não vemos. Crescer faz isso, a idade nos cega para não sermos capazes de ver como fazíamos quando éramos crianças e inocentes demais para ver algo que não fosse à beleza de estar vivo — respondo, e ela sopra o ar lentamente.
Empurro para o fundo da minha mente a vontade de passar minhas mãos por seus longos cabelos ondulados e escuros como ébano, não vou tocar nela com as minhas mãos sujas de tinta, então volto a pintar o céu escuro, me deixando levar pelo vento gelado da meia-noite.
Sinto-a me encarar, sei que não perguntei o que ela também está pensando, o problema é que gosto do seu silêncio. Permito-me sentir seu cheiro doce e natural que se entranha em minha roupa, em minha pele. Viciante e doloroso.
Durante todos esses anos em que a vi de longe, todos que a conheciam queriam estar com ela, gravitando ao seu lado e amando-a, Julia sempre foi do tipo de garota que é amada no segundo em que ela aparece, e inferno, comigo não foi diferente, sua beleza me faz segui em sua direção como uma mariposa em direção ao fogo. Eu vejo os olhares de admiração que o Rafael e o Luan, e até Dante, são acostumados a dar para ela, suas amigas são tão leais que brigariam por ela, eu não sou diferente.
