Capítulo VI

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Eu continuo lutando contra aquela gravata borboleta idiota quando escuto a porta da frente no andar de baixo se abrir. Escuto os pés pequenos da minha mãe fazer eco enquanto ela sobe as escadas e empurra a porta do meu quarto. Seus olhos pequenos primeiro alcançam meu rosto e depois alcançam a bagunça do meu quarto.

— Merda, Prem parece que passou um terremoto nesse quarto.

Eu volto meus olhos para o espelho e continuo tentando ajeitar a gravata lilás. Queria que meu cabelo ainda estivesse lilás, ia combinar demais.

— Eu vou arrumar. Assim... que... eu conseguir... colocar essa gravata... idiota.

Eu já estou sem fôlego, ansioso e sem paciência. Minha mãe rodeia uma pilha de roupa no chão e tira minha mão da gravata, começando a fazer o laço com as suas mãos pequenas e delicadas.

— Passou a camisa? — Ela pergunta.

Eu passei, e ficou ''ok'' mas mesmo assim eu dou mais uma olhada para a camisa para ver se ela não está amassada.

— Sim, passei.

Minha mãe termina de fazer o laço da gravata borboleta em segundos. Eu deveria ter comprado um laço pronto mas na internet não tinha, e eu odiava sair para fazer compras.

Ajeito a camisa branca dentro da calça social preta e minha mãe me entrega o paletó preto também.

— Deixe-me olhar para você.

Ela me dá duas batidinhas nos meus ombros, como que para espantar alguma poeira invisível em minhas ombreiras.

Meus cabelos escuros estão penteados para trás, deixando minha testa à mostra. Minha roupa é toda branca e preta.

— Está faltando alguma coisa. — Minha mãe diz, olhando em volta. — Espere aqui.

Ela desce as escadas e alguns segundos depois está de volta com a sua maleta de maquiagem. Pega alguns pincéis e começa a esfumar algo em meus olhos. O pincel é macio e faz cócegas.

— Fica quieto, já estou terminando.

Eu retorço meus dedos em meu colo, nervoso demais. Pensando em mil ideias de encontros românticos, pensando em mil cenários e roteiros que eu esperava que Boun seguisse mas, diferente de mim, ele não era previsível. Ele fazia as coisas como queria e eu que seguia seu roteiro. O pior era que os roteiros de Boun Guntachai sempre eram uma surpresa. Mas só por essa noite eu não queria surpresas. Eu só queria ter uma noite normal e tranquila com o meu namorado.

''Normal e tranquila''.

No momento que eu penso aquilo eu engulo as palavras. Se eu estivesse ao lado de Boun agora e ele visse um vislumbre dos meus pensamentos, talvez ele pensasse que eu queria que ele me deixasse. Não existia o ''normal'' e o ''tranquilo'' no mundo de Boun. Eu namorava um vampiro. Mas só hoje eu queria ter uma noite humana com meu... namorado vampiro. Droga.

Pensar que Brianna poderia aparecer naquela festa e matar todo mundo me deixava ansioso demais.

— Você está bem? — Minha mãe pergunta, apertando minhas bochechas.

Eu assinto devagar e me afasto, me olhando no espelho.

— Uau.

Meus olhos estão esfumados com sombra escura e com pinceladas de sombra branca. Seria um baile temático de máscaras. Clássico.

Eu preferia máscaras do que baile hollywoodiano ou anos 20.

Minha mãe me entrega minha máscara e eu coloco. É uma máscara simples, de cetim preto que chega até meu nariz. É possível ver os espaços estratégicos que minha mãe passou a sombra para que ela aparecesse, mesmo eu estando de máscara.

Bad blood - A Sequência de Sweet Blood • BounpremOnde histórias criam vida. Descubra agora