Bad blood - A Sequência de Sweet Blood • Bounprem

Capítulo X

— Por onde esteve?

 Os braços gélidos de Boun me envolvem enquanto eu descanso confortavelmente em seu peito. Meu edredom está jogado por cima de mim para que eu não sinta frio mas, eu ainda sinto o gelado de sua pele através de sua camisa. O contato entre sua pele fria e minha pele tão quente e viva, faz meu corpo quase estralar. Eu mantenho meus lábios em uma linha fina, para que meus dentes não comecem a bater. 

— Eu não sei. Pelo Brasil, talvez. — Ele solta um riso soprado pelos lábios. — As pessoas lá são peculiares. Um sanguessuga domina o país.

— O que? Um vampiro?

 Eu inclino minha cabeça para cima, para que possa enxergá-lo.

— Não mas, quase isso. — Ele estremece. — Talvez pior.

— Quero conhecer o Brasil.

— Porque? 

— Você esteve em um lugar onde encontrou algo pior que sua espécie.

 Boun curva as sobrancelhas grossas e eu preciso fazer um biquinho pra não cair na gargalhada.

— Só um pouco. — Ele responde carrancudo.

— Já é alguma coisa. 

 Eu suspiro e volto a descansar as bochechas em seu peito. Sinto seus dedos mexerem nos fios dos meus cabelos, tão delicadamente que um arrepio corre pelo meu corpo. 

— O que fazemos agora? — Eu pergunto baixinho. 

 Eu sei que evitar o assunto não vai fazer aquilo desaparecer. Eu sei que Brianna virá atrás de mim. Se ela não estivesse naquele momento, do lado de fora, na espreita, me esperando. Apenas sendo educada porque ela tinha acesso livre à minha casa quando quisesse. Um erro que eu havia cometido no passado. 

 Boun descansa uma de suas mãos na curva das minhas costas e dá algumas batidinhas leves, como se estivesse me ninando mas, eu sei que ele só quer me acalmar. 

— Ela virá atrás de mim em algum momento. E estarei pronto.

— Boun…

— Não vou deixar ela te machucar.

— Não pode me proteger. E cuidar da sua alimentação e ainda caçar Brianna e seu pai.

— Não vou te deixar sozinho.

— Eu não estou sozinho. Eu tenho…

— O que?

O silêncio paira entre nós dois e uma bile sobe pela minha garganta e sou sufocado pelas verdades de minhas palavras.

                              …

 Romeu bate a porta do carro de forma inaudível. A cor preta e brilhante do seu carro é algo nada camuflado logo de manhã. O vento gelado arrasta meus fios negros para frente dos meus olhos. Tenho plena consciência de Boun parado ao meu lado como uma estátua. Eu me viro para olhá-lo e posso ver que sua mandíbula está trincada. Suas mãos estão escondidas no bolso da calça jeans preta, a blusa de manga comprida preta que ele veste acentua seus músculos claros do peito. A mesma roupa da noite passada. Ele havia se recusado a sair do meu lado mesmo após eu ter adormecido.

— Então você está de volta. — Diz Romeu quebrando o silêncio e a distância entre nós.

 Ele fica parado encostado em seu carro e eu e Boun permanecemos na calçada em frente à minha casa. 

— Não sou só eu que separo vocês dois. — Boun diz de forma afiada.

 Romeu sorri sem emoção nenhuma quando o braço de Boun se apoia na curva das minhas costas de maneira protetora.