Capítulo XIII

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Posso ouvir o vento uivando com agressividade quando eu e Boun alcançamos a torre de astronomia. Está tudo deserto, como se fosse um enorme palco macabro para o que estava prestes a acontecer. 

 Deslizo das costas de Boun e me mantenho atrás dele. Não vejo Romeu em nenhum lugar e por um momento penso que talvez ele tenha se mandado. 

 Boun agarra minha mão, me puxando de forma protetora para trás.

— Ela está perto.

— Ela nos achou... — Minha garganta seca.

— E não está só. 

 O sr. Guntachai entra em nossa linha de visão, sua bengala batendo no chão de forma alta demais. Cloc cloc cloc. Eu sei que ele não precisava daquilo, vampiros não mancavam. Mas aquilo deixava seu ar muito mais assustador. 

 Ele mantém uma distância de alguns passos e sorri, seus lábios arreganhados em uma linha fina. 

— Você é tão desobediente quanto sua mãe. 

 Boun o ignora, balançando a cabeça.

— Podemos não começar com isso?

— Garoto, você que começou isso só para eu ter o trabalho de ter que terminar.

 Brianna pousa como um gato ao lado do pai, os cabelos ruivos sendo açoitados pelo vento. Ela sorri quando me vê, mostrando as fileiras de dentes brancas e com certeza afiadas. Ela está de calça de couro preta e botas. Um casaco tão vermelho quanto seus cabelos.

— Brianna realmente sempre soube como manipular você. 

 O cloc cloc da batida da bengala sinistra no concreto faz meus pelos arrepiarem. 

— E você sempre soube como manipular sua mãe, então estamos… empatados.

 Sinto vontade de rir. O cara simplesmente não sabia usar a palavra "quites". Boun estreita os olhos e olha pra mim, não sei dizer se me repreendendo ou concordando comigo. Meu sogro vampiro era um saco. 

— Não quero lutar. — Boun diz. 

— Eu não acredito em você.

— Apesar de tudo, você é meu pai. Não podemos só viver em paz?

 Brianna olha para mim como uma cobra olha para sua presa. 

— Você foi tão fraco irmãozinho, mas vai ser um prazer fazer o que você não fez. 

 Escuto o som da bengala no concreto bater uma última vez e em uma rapidez violenta, Brianna avança em minha direção. Mas, ela não consegue chegar até mim. Um vulto preto e com olhos azuis vidrados, avança em direção à ruiva. Vejo o momento em que Brianna pousa no chão e encara o que te atacou. Romeu a olha com um sorriso nos lábios.
— Quanto tempo ex-namorada.
— Não vai me dizer que se apaixonou pelo humano também? — Ela sorri com deboche. — Você e meu irmão poderiam ter dividido a refeição e não ter se apaixonado por ela. Tolos.

Romeu vira o rosto para me olhar. Há dor em seus olhos e eu tampo a boca com a minha mão livre.

 Boun me empurra para trás quando percebo a capa esvoaçante vindo em nossa direção. O pai de Boun é veloz e gracioso e avança em direção ao filho com uma fúria dolorida. É algo de anos. O quanto aquilo tudo talvez fosse deixado de lado se eles apenas fossem humanos.
Boun não havia matado a mãe, ele estava apenas fazendo o que ela lhe pediu. Ele a havia libertado daquela vida que ela odiava viver. 

 Corro para trás de uma pilastra de concreto e vejo o momento em que Romeu é golpeado no peito. Ele não se move por um momento, e é o suficiente para que Brianna voe para cima de Boun. Meu coração aperta e me sinto impotente. Tudo o que eu poderia fazer naquele momento era me esconder enquanto a vida do amor da minha vida era esmagada ali, diante dos meus olhos. Duas pessoas que me amavam estavam morrendo bem ali, e eu não podia fazer nada.

Bad blood - A Sequência de Sweet Blood • BounpremOnde histórias criam vida. Descubra agora