Sino do Rancor

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Uma cusparada acertou a massa vermelha na lixeira.

Fica aí, verme do caralho! Fica aí, pra tirar do lixo teu sustento! Foi bom enquanto durou, desgraçado. Acabou a sugação por dentro; me secando, rachando meu viver.

A fetidez do banheiro badalou o sino do rancor, as paredes urinaram: mata, mata! Nas pernas o sangue ainda escorria.

Nesse buraco de varejeira, tu nunca mais suga ninguém.

Tonelada e meia de cravos, suava sobrancelha acima.

No ventre sem viço, ausências de corpo e alma gritaram: não me deixe! 

Travestida de bicho, ela chutou a lixeira. Choro e placenta mancharam a parede.

Me deixa, verme nojento, cala essa boca.

Saiu do banheiro ajeitando o cabelo rançoso, enquanto a rodoviária acordava outro dia.

Expedição RepúdioOnde histórias criam vida. Descubra agora