Há doze dias não como nada. Até então, aranhas marinhas me nutriram.
Nesta ilha-pedra, pássaros já não pousam, o último devorei até mesmo as penas. Estou faminto.
Hoje decidi: vou comer uma das mãos. Mas qual? A direita está mais forte, mais viva. A esquerda está feia, quase-azul. Machuquei-a durante o naufrágio. Uso-a pouco.
Mas não tenho coragem, pode me fazer mal. Vou comer a direita. Com um dedo por dia posso aguentar um bom tempo. O resgate deve estar a caminho.
Ontem comi o último dedo. O maior. O resto da mão deve dar para uns cinco dias.
Vou secá-la ao sol. Ainda tenho esperança de resgate.
Minha mão esquerda está com ótima aparência.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Expedição Repúdio
Mystery / ThrillerAs histórias aqui narradas podem chocar. A repulsa e a repugnância deram as mãos por entre estas histórias, onde o medo, a frieza e o desamor destilaram todas as suas essências. Porém, se você insistir e tiver um pouco de estômago, pode se divertir...