A Cava

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Acordei tonta. As têmporas latejavam o escuro de mim.

Sou a seara do exílio, mas a escuridão é eterna nesse beco do nada. Toco o negrume em minha volta sem saber que meus olhos se foram.

Pretendo-me sadia, nesse oásis de pânico e receio. A ausência me fere com o pesado martelo da aflição.

Toco o escuro, e minhas mãos sentem a madeira em minha volta. O teto, há um palmo de minha face, verte odores, fungo e lenha se fundem, cospem seu bafio, enquanto o ar rareia.

Soco o escuro e meus punhos sangram, sem que meus pulmões conheçam o esforço de abortar a respiração.

Grito, grito, grito. Mas não me ouço, não me sinto, não me sei.

Contudo, a terra escorre por uma fresta e, aos poucos, começo a ouvirminhas pernas dormentes, meu corpo definhar nessa cava de Deus.

Expedição RepúdioOnde histórias criam vida. Descubra agora