Cárie da Tortura

12 1 1
                                    

O sereno delirava o rosto branco. O bispo caminhava cedo, em horários irregulares, por isso, antes das cinco, Jeluzaldo incorporava o mendigo à frente da mitra.

Com essa dor, quem dorme? 

Sentia mastigarem sua língua, goela, até a orelha esquerda estava carcomida pela dor.

Nunca matei nesse estado. Só preciso de um tiro. Preciso de remédio, senão fico louco.

A primeira encomenda, e logo um bispo, seria esse homem perigoso?

No portão, ele socava as cáries da tortura.

Por que chora, pobre homem?

Ouviu, enquanto arrancava fiapos da japona. As mãos do clérigo no ombro.

Não chore, Deus há de perdoar os teus pecados.

Me salve do inferno, dom Carmelo.

A bala entrou queixo acima. Explodiu a cárie amaldiçoada.

Expedição RepúdioOnde histórias criam vida. Descubra agora