A Bíblia Satânica

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Uma vez que a Church of Satan começou a ganhar atenção de imprensa internacional, os 
repórteres locais começaram a ficar preocupados

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Uma vez que a Church of Satan começou a ganhar atenção de imprensa internacional, os
repórteres locais começaram a ficar preocupados. A Imprensa local de São Francisco gostava
de tratar Anton como uma excentricidade maluca – caçador de fantasmas, feiticeiro, dono de
animais de estimação raros como leões e leopardos, mas ele já não era mais tão engraçado
quando começou a tornar-se famoso como um internacionalmente conhecido Satanista. As
pessoas estavam começando a levar o satanismo a sério demais, longe demais e isso era
preocupante para quem não estava preparado.
Os eventos estavam cada vez mais cheios de gente, ele tinha um espaço fixo na imprensa
local com uma coluna no
"Insider" e cartas de todos os continentes lotavam sua caixa postal. A primeira missa Negra
registrada, antecedendo algumas décadas o movimento do Black Metal foi gravada na
Church of Satan em 1968 antes mesmo da Bíblia Satânica ser editada. Dentre a enxurrada
de aparecimentos de LaVey no rádio e na televisão entre os anos de 67 e 74 uma
performance particularmente memorável foi a de um elaborado ritual gravado para o sétimo
aniversário de Johnny Carson‘s 7th show, de forma a atrair sucesso para o ano seguinte.
Em 1969 o número de membros já tinha crescido para 10 mil membros no mundo todo e
LaVey decidiu que estava na hora de deixar muito claro o que era e o que não era
satanismo. Foi por esta razão que ele decidiu publicar o seu maior, mais diabólico, e mais
blasfemo trabalho até então, algo que servisse para unir esta nação que se formava: surgia
a "The Satanic Bible" (A Bíblia Satânica).
Este livro tornou-se no pilar da Church of Satan e para todos os grupos de satanismo
moderno posteriores. Sua principal intenção era a de servir como um guia prático para qualquer pessoa que decidisse viver o satanismo, mesmo que isoladamente das instituições
formais que haviam sido criadas. Conforme disse Blanch Barton em sua ―Carta à Juventude
Satânica‖:
“Tudo o que você precisa fazer para se tornar um satanista de verdade e começar a viver
como um. LaVey escreveu sua Bíblia Satânica de forma que as pessoas possam ler e aplicar
em suas próprias vidas. Muitas pessoas que escolhem se tornarem membros fazem disso um
ato simbólico para eles mesmos, para alinharem-se e apresentarem-se formalmente com o
seu novo estilo de pensamento. Um ato para formalmente aceitarem e mostrarem que
podem suportar esta filosofia e caminho de vida. Esta é uma opção totalmente pessoal – nós
não solicitamos membros. Mas alguns membros quando entram geralmente querem mostrar
que estão certos em suas escolhas, e que sabem o suficiente sobre satanismo moderno.
Saiba porem que para se tornar um satanista efetivo e verdadeiro basta praticar e defender
os conceitos satânicos em sua vida. “
Neste sentido não há livro melhor para a compreensão destes conceitos do que esta obra
seminal de LaVey. Ela foi produzida por um custo mínimo de modo que o preço final de
apenas cinco dólares fosse acessível para qualquer pessoa. Tornou-se instantaneamente um
sucesso de vendas, especialmente nos campus universitários da Califórnia onde no seu auge
chegou a ser mais vendida do que a Bíblia cristã numa proporção de 10 para 1. Adornado
com um pentagrama na capa o livro abre com as nove declarações satânicas nas quais
LaVey buscava condensar o pensamento e o modo de vida satânico. Sobre estas declarações
havia o antigo símbolo usado pelos altos de fé da inquisição como bandeira nas portas das
cidades e da mesma forma que alertava os forasteiros, o símbolo alertava agora os leitores:
Aqui há bruxas.
O livro em si foi dividido em quatro partes:
O Livro de Satan, uma declaração versificada do pensamento satânico. De fato, descobriu-
se ser um plágio da obra ―Might is Right‖ de Ragnar Redbeard, na qual ele exalta um
darwinismo social da lei do mais forte.
O Livro de Lúcifer, uma série de ensaios filosóficos onde foi apresentado o pensamento de
LaVey sobre diversos assuntos práticos. Envolvia temas como ateísmo, materialismo, jogos
sociais, indulgência e liberdade sexual.
O Livro de Belial, a base teórica daquilo que Anton chamou de magia materialista.
O Livro de Leviatan, que abria para o público geral todas as invocações e recitações usadas
pela Church of Satan em suas cerimônias satânicas.

A Bíblia Satânica foi por muitos anos a única publicação oficial da Church of Satan até o
aparecimento de seu complemento ritualístico ―The Satanic Rituals‖ editado em 1972.
Seguiu-se também a publicação do "The Compleat Witch" em 1970, livro que algumas
pessoas dizem ter sido originalmente escrito por Zeena LaVey e que mais tarde foi revisto e
re-editado sob o nome "The Satanic Witch", E por fim sua os obras tardias ―The Devil‘s
Notebook‖ de 1992 e "Satan Speaks" de 1997 publicado poucos dias após seu falecimento.
A Bíblia Satânica chamou ainda mais atenção do público e artigos eram publicados no mundo
todo. Jornais de toda parte enviavam seus repórteres para descobrir o que havia de tão
especial naquele feiticeiro moderno de São Francisco. Lavey e a Church of Satan saíram dos
tablóides para ganhar as capas de revistas famosas como Cosmopolitan, Time e Seventeen
aparecendo inclusive como destaque de um ensaio fotográfico da Look. Um dos primeiros
artigos escritos sobre o Alto Sacerdote de Satan foi um escrito por Shana Alexander em sua
coluna ―The Feminine Eye‖ em fevereiro de 1967, na revista Life. As fotos de Wax tiradas de
LaVey foram exibidas em diversos museus ao redor do globo, inclusive no mundialmente
conhecido museu de cera de Madame Tussaud.
A revista Newsweek dedicou dois artigos de capa sobre LaVey. O primeiro em agosto de
1971 entitulado: ―Evil, Anyone?,‖ levantava a questão dos ―Crimes Satânicos‖ dos quais
Anton havia sido acusado desde o inicio. A resposta do Papa Negro foi a de que o satanismo
se desenvolve em dois círculos diferentes, um grupo elitista, que era o objetivo da Church of
Satan e um grupo de pessoas que se tornam satanistas para fazerem aquilo que não tem
coragem de fazer por si mesmos.
Graças aos altares de mulheres nuas não foram poucas as revistas masculinas querendo
falar sobre a Church of Satan como uma desculpa perfeita para expor as fotos interessantes
aos seus leitores. A vasta maioria das matérias limitavam-se a descrever os antigos mitos do
diabo e das orgias satânicas com exceção de algumas matérias escritas por Burton Wolfe,
que eventualmente escreveu a primeira biografia de LaVey em 1974. Wolfe juntou-se a
Church of Satan em 1968 quando segundo ele: “LaVeu ainda estava em seu período de
brincadeiras. Os rituais e festas na Black House eram cobertos de diversão e humor, e eu
certamente me diverti participando do grande espetáculo do diretor daquele grande hospício
de Loucura e Lógica.” Wolfe continuou escrevendo e estando profundamente interessado em
LaVey até o início da década de 80 quando largou a Church of Satan por estar se sentido
envolvido naquilo que chamou de “corrompida e vingativa organização cripto-facista”
Contrastando com a intensa curiosidade da mídia em relação a Church of Satan na década
de 60, LaVey assistiu nos anos 70 um gradual medo da imprensa em relação a assuntos
politicamente incorretos e um eventual cessar da postura de mente aberta que se seguiria até os anos 80. Em 1984, LaVey cometou que era natural esta postura agora que estava
claro que o satanismo não era uma simples brincadeira ou revolta infantil. Disse ele:
“Se o verdadeiro satanismo fosse colocado na televisão da mesma forma que o Cristianismo
é agora, e com a mesma paciência por parte dos repórteres com que as figuras esportivas
são encaradas a cristandade poderia ser eliminada em poucos meses. Seria muito perigosos
se fosse permitido as pessoas ver a completa e imparcial verdade, mesmo que por somente
60 minutos. Não haveria qualquer comparação.”

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