Capítulo Trinta e Seis

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Marshall Aldrin:

Quando finalmente chegamos ao local designado, que por acaso era o restaurante do amigo tolo do Daniel, ele e os gêmeos decidiram se afastar de mim e seguir em outra direção. Foi nesse momento que avistei a bruxa, que era dona de cachos rebeldes, uma pele morena e usava uma blusa branca com os óculos descansando na ponta de seu nariz.

Ela acenou para mim com um gesto amigável e me convidou para me sentar à sua frente. Sem perder tempo, ela começou a falar rapidamente, despejando informações por cerca de dez minutos sem pausa.

Fiquei me perguntando se todos os primos eram assim. Na minha vida, meu primo Juliano costumava ficar ansioso quando eu não compartilhava detalhes com ele, ou magoado quando o ignorava e não escutava o que ele tinha a dizer. Agora, Micaela estava sendo totalmente aberta comigo, discutindo suas próprias paixões e interesses e me fazendo falar sobre os meus.

Ela parecia intrigada com o fato de todos estarem tão ansiosos e agitados para me conhecer. No entanto, imaginei que, mais tarde, eles se cansariam dessa curiosidade e começariam a desejar saber mais sobre mim.

Nesse momento, parecia que Micaela estava particularmente interessada no fato de minha mãe ter conseguido ter um filho. Ela me explicou que, segundo boatos, bruxas ampliadoras como ela eram incapazes de ter filhos biológicos. Para Micaela, eu era, portanto, uma pessoa de interesse para seus estudos.

— Você pode parar com isso? Não sou um experimento — eu disse, interrompendo-a. — Se eu não tivesse ouvido as palavras de minha mãe sobre como as pessoas a viam, poderia pensar que você faz parte de uma boa família.

Na realidade, o problema não era apenas com minha prima recém-descoberta, que me tratava como um objeto de estudo. Não conhecia ninguém que gostaria de fazer parte de minha família biológica. Micaela parecia alguém que não apenas desejava estudar os híbridos ou pessoas consideradas indesejáveis, mas também fazia parte de uma família que havia maltratado minha mãe por ser uma ampliadora. Era uma família obcecada pela magia, disposta a usar qualquer meio ou método de pesquisa.

Desde uma idade muito jovem, Micaela deve ter se tornado obcecada pela magia, escolhendo dedicar-se inteiramente aos desejos de sua família. O único problema era que essa família parecia incapaz de aprender sobre humanidade com seus membros.

— Você está sendo grosseira. Nossa família sempre se importou mais com sua mãe do que com qualquer outra coisa — Micaela respondeu irritada. — Ela que fugiu sem dar nenhuma explicação. Ela é uma aberração da natureza que nem sequer conseguia realizar feitiços.—

— Não ouse falar assim de minha mãe sem conhecer os motivos dela para deixar a família — respondi com raiva. — Pense antes de falar sobre algo que desconhece. Sua família também tem sua parcela de culpa pelo que minha mãe enfrentou.

Eu sabia quem era perigoso e no que deveria prestar atenção, mas não tinha a intenção de fazer nada em relação a isso ou à forma como a família estava tratando qualquer indivíduo.

Micaela parecia profundamente ofendida com o que eu tinha dito. Ela me encarou chocada.

— É difícil para pessoas comuns como você ou sua família causarem problemas para a minha família — ela disse com firmeza, e eu sorri para ela.

— Bem, tenho um pequeno segredo sobre algumas pessoas que conheço e que podem representar uma ameaça para vocês. Portanto, é melhor manter distância de mim e de minha mãe — declarei, me afastando dela. Ouvi murmúrios de encantamento e me virei a tempo de ver a magia se dirigindo em minha direção. Estendi a mão e dissipou-se no ar.

Micaela me olhou com arrogância, mas fiquei surpreso ao perceber que meu lado bruxo, que se manifestará apenas alguns dias atrás, tinha a força para resistir a qualquer ataque.

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