Capítulo Dezesseis

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Daniel vamps:

Enquanto eu caminhava pela rua, pensava em Marshall com admiração, especialmente suas orelhas que lembravam as de um feérico, o que o tornava ainda mais encantador.

Ao chegar em casa, deparei-me com Lilly e Kelsey saindo pela porta da frente.

— Onde você estava? — indagou Lilly com curiosidade.

— Estava com o Marshall, conversando sobre alguns assuntos. — Respondi, passando por ela enquanto ela ria.

— Quem diria que basta ele chamar e você sai correndo. — Ouvi Lilly comentar, mas decidi ignorar e seguir para o jardim. Estava a meio caminho quando ouvi a voz do meu pai atrás de mim.

— Parece que Marshall conquistou você, assim como o antigo você que amava explorar o mundo. — meu pai disse. — Lembra quando quis aprender a tocar um floreio?

Aquele era um pequeno instrumento de cordas chamado charango, parecido com um primo do alaúde.

— Eu realmente gostava daquele instrumento. — Falei pensativo, e meu pai me olhou como se eu tivesse cometido um crime.

— Não chamaria exatamente de música o que você fazia com aquele instrumento — comentou amargamente. — Você conseguiu transformar aquele instrumento em algo torturante. Sua mãe odiava o som que você produzia e até fez um animal de estimação que tínhamos na época fugir para longe. Geovane até quebrou o próprio pescoço por dias só para não ouvir.

Sorri sem graça com esse comentário, mas meu pai riu alto. Ele era o líder da nossa família, às vezes teimoso e sábio ao mesmo tempo, uma responsabilidade extraordinária que ele sempre desejou ter. Poder era a única forma de conseguir o que ele queria.

Fui até o jardim e vi Geovane e um amigo dele observando David Good, que se esforçava para realizar algum encantamento.

— Ele é péssimo nisso — Ricky disse, surgindo ao meu lado e olhando com desaprovação para a cena. — Já que te encontrei, que tal irmos correr um pouco no bosque?

Ponderei sobre a ideia, já fazia um tempo desde minha última corrida na forma de lobo.

— Vamos lá. Estou curioso para ver como estão suas habilidades, já que Marshall te desafia todos os dias. Então, me acompanhe em uma corrida, irmão. — Provoquei.

— Vamos, então. — Ricky gesticulou para abrir a porta, e assim fizemos. Transformamo-nos em lobos e mantivemos uma distância respeitável, esperando não atrapalhar um ao outro.

A sensação era reconfortante, assim como a maravilha que sentia ao ver o sol iluminar as folhas e os aglomerados de açafrão, criando flashes de púrpura vibrante contra o marrom e o verde da terra. Estas eram as coisas que adorava no bosque, que bloqueavam todo o resto do mundo: o formato e a inclinação do caminho, as árvores que eram ideais para subir e os sons de fontes de água próximas. Esses detalhes já faziam parte do meu dia a dia quando corria há tanto tempo, mas ainda me deixavam maravilhado.

Entretanto, à medida que explorávamos a propriedade, percebi que a floresta estava estranhamente vazia. Não havia sinais de vida animal em nosso caminho.

Ricky correu na direção oposta, e eu continuei avançando, sentindo o vento em meus pelos e me tranquilizando cada vez mais. Então, ouvi um uivo de cachorro de caça. Meu sangue gelou quando um arrepio penetrante percorreu meu corpo. Não conseguia ver claramente, apenas um vulto fugaz no canto do meu olho antes que desaparecesse, acompanhado pelos latidos dos cães de caça.

Olhei ao redor, percebendo que a presença poderosa havia desaparecido.

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Quando retornei para casa, deparei-me com uma cena peculiar na sala de jantar. Geovane, Tedy, David Good e meu pai estavam sentados à mesa. Geovane segurava uma taça adornada com uma longa garra dourada, e seu gesto de beber parou no meio do caminho quando Ricky e eu entramos na sala. Meu pai, por sua vez, olhou para mim com uma expressão curiosa, como se percebesse que eu estava guardando algo.

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