Arco-íris, pôneis e unicórnios

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Ato I - Naruto -

Ela estava diferente.

Claro, tinha o cabelo curto, mas ele ainda era rosa. Algumas tatuagens haviam sido adicionadas à sua pele branca e eu gostava especialmente do pequeno número três tatuado numa parte escondida atrás da orelha de Sakura, como se aquele fosse um pequeno segredo dela - nosso -.

Três tinha se tornado o nosso número de sorte... Azar e sorte, na verdade.

Eu lembrava muito bem do dia que ela havia adicionado aquela pequena homenagem em sua coleção particular de tatuagens.

Não estávamos bêbados, mas estávamos nostálgicos, carentes um do outro como nunca estivemos.

Cada oportunidade de me afundar em Sakura ou deixar que Sasuke me fodesse era válida. Cada segundo importava e nosso namoro triplo durou pouco tempo, mas foi tão intenso como um furacão.

Então um dia Sakura disse que estava triste, muito triste com toda a situação e que precisava de mudanças. Estávamos nós três no quarto de Sasuke, Sakura semi nua vestia apenas minha camisa, quando se levantou e foi ao banheiro, pegou uma tesoura e tinta rosa para o cabelo... Naquele dia ela conseguiu manchar a toalha branca de Sasuke de rosa pastel.

O que mais me surpreendeu não foi o tanto de cabelo que ela havia cortado, mas sim o fato de Sasuke não ter nem revirado os olhos com a cor da sua toalha. Ele, que sempre foi tão metódico, apenas disse para ela estender a peça para que não mofasse - mais tarde eu descobriria que ele guardou a toalha como lembrança -.
Porém, só aquela mudança não bastou para ela. Naquele mesmo dia ela saiu de tarde para voltar apenas de noite. Quando voltou, tinha mais um piercing adicionado a uma dobrinha da orelha, uma tatuagem referente ao mar desenhada no braço e o pequeno três perto da orelha. Nosso número, nosso abismo.

Como eu amava beijar aquele pedacinho de pele. Eu e Sasuke veneramos aquele 3 como se fosse a tatuagem mais sexy do planeta, e talvez fosse.

Não achei que você vinha.

Sakura estava péssima, mas mesmo assim, bonita.

Olheiras contornavam seus olhos verdes. O nariz parecia excessivamente vermelho denunciando o recente choro e o biquinho emburrado, que devia ser o jeito dela deixar claro o quão chateada ela estava com a situação, só me fazia querer beijá-la ainda mais.

- Eu não ia vir. - ela respondeu como uma criança que foi contrariada, ou obrigada a comer legumes.

- E por que mudou de ideia? - não posso evitar de chegar perto dela, apertar seus ombros e ter seu rosto na palma das minhas mãos.

Sua atenção era toda minha.

A nossa primeira discussão como casal (trisal) foi minha despedida para Espanha. Sakura não queria se despedir. De acordo com ela, ela era péssima nisso e, vendo seu atual estado, eu não poderia discordar.

- Porque eu te amo.

Sua confissão é dita em voz baixa, só para mim, e isso me desmonta.

- Eu também te amo.

Eu nunca pensei que poderia amar tanto uma pessoa. Claro, eu amava minha mãe, meu pai, eu amava meus primos, amava surfar... Mas amar uma mulher como eu amava Sakura era diferente.
Eu gostava de cada pedacinho dela, sabia onde ficava cada tatuagem e quanto tempo ela demorava para pintar o cabelo. Eu sabia onde beijar, como beijar e, principalmente, quando não beijar. Naturalmente eu conseguia respeitar seu espaço, suas carências e alimentava seu fogo. Havia decorado suas preferências culinárias e, em contrapartida, desde o incidente com o bolinho de amendoim, ela nunca mais andou sem um antialérgico na sua bolsa.

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