Querido diário, eu tenho uma confissão para fazer.
Eles costumam classificar amor como um sentimento, como uma forte emoção que reside dentro de nossos corações e nos leva a realizar verdadeiras loucuras pela pessoa amada. Por muito tempo eu acreditei nisso.
O que eu achava ser um sentimento chamado amor me guiou durante muito tempo. Meus olhos serviam apenas para admirar a beleza dela, meus pensamentos eram sempre voltados para ela, minhas ações serviam somente para promover sua vida tranquila e confortável, mantendo-a segura de toda e qualquer ameaça presente nos arredores dos locais escondidos na qual residíamos.
Mas, depois de algum tempo, percebi que o ato de amar não passava de uma escolha.
Tudo começou quando uma certa jovem humana chamada Niki entrou na minha vida. Ela estava gravemente ferida após uma luta contra um certo oni e provavelmente não teria sobrevivido se não fosse pela bondade da srta. Tamayo.
Não posso negar que nossa primeira interação foi totalmente desastrosa. Acalmá-la foi um tanto quanto complicado e a srta. Tamayo teve que me deter com todas as suas forças para que não rasgasse a garganta daquela humana insolente naquele mesmo instante. No começo ela estava tão desconfiada dos estranhos onis que carregaram seu corpo inconsciente até um local desconhecido que acabou por reabrir suas feridas tentando nos afastar.
Quando finalmente resolveu ceder e cooperar conosco, eu a odiava com todo o meu ser por ter sido violenta na frente da srta. Tamayo. Por mais que as duas passaram a se dar bem a partir dali, minha mente estava focada demais em odiá-la para notar suas boas qualidades.
Assim que ficou completamente curada, Niki partiu para caçar mais onis com a promessa de que voltaria para fazer algumas visitas de vez em quando.
E, por mais vergonhoso que seja colocar esses pensamentos em palavras, passei a odiá-la ainda mais naquele momento. Não queria de jeito nenhum que ela voltasse para nos visitar. Por qual motivo deveria receber uma humana tão detestável em minha casa? Principalmente quando suas idas e vindas trariam tantos problemas para a segurança do nosso esconderijo!
Além disso, passei a sentir como se pudesse esganá-la a qualquer momento quando Niki começou a flertar descaradamente comigo. No início poderia ser apenas uma brincadeira, uma forma de me tirar do sério já que naquela época eu tinha olhos somente para uma única mulher, mas tenho quase certeza que as coisas mudaram um pouco de rumo com o passar do tempo.
Após inúmeras visitas, srta. Tamayo comentou sobre como Niki parecia estar falando sério quanto aos seus flertes. Por mais que essas palavras tenham sido proferidas por uma mulher na qual costumava tomar tudo o que saía da sua boca como verdade absoluta, não dei muito importância para isso, pois tinha certeza que tudo não passava de uma brincadeira de mal gosto. Nem ao menos dei a mínima quando ela gritou "Eu nunca irei desistir de você! Algum dia ainda te farei meu!" antes de partir para mais uma missão.
Agora que volto para pensar sobre o assunto, realmente desejo que isso não tenha sido uma brincadeira.
Anteriormente, disse que considero o amor como uma escolha, e não como um sentimento. Acho que comecei a pensar dessa maneira no momento em que passei a usar o tempo reservado somente para minha devoção à srta. Tamayo para preencher as fichas médicas de Niki, descrever os medicamentos que mais causavam efeito em seu organismo e separar aqueles que provocavam efeitos colaterais, como alergias.
Em nenhum momento fui motivado por algum sentimento bobo. Eu escolhi dar mais atenção à Niki, mesmo que isso significasse me afastar emocionalmente da srta. Tamayo.
É verdade que no começo fiquei extremamente envergonhado com suas provocações, mas com o tempo acostumei-me com isso. Passei a ficar cada vez mais confortável com a sua companhia, não sentia mais aquelas famosas, mas idiotas, borboletas no estômago. Até tomei a liberdade de devolver alguns dos seus flertes, o que sempre a pegava de surpresa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Imagine - Kimetsu no Yaiba [PEDIDOS FECHADOS]
FanfictionApenas mais uma coletânea de imagines; pedidos por vocês, escritos por mim.