11 de março de 2016

128 14 126
                                    

Maxine sente a garganta queimar com o gole de café forte que acaba de tomar. Não gosta muito do sabor da bebida, mas é necessário para continuar acordada e manter o foco no trabalho.

Passara a noite toda tentando decifrar o que aquelas frases no diário de Camille significavam, mas até agora não obteve sucesso. O que quer que tenha tentado colocar para fora, ela realmente queria manter só para si.

Mas não vai desistir. Seu objetivo agora se torna cada vez mais claro e um plano começa a ser traçado para descobrir o que aquelas frases significam. Não vai desistir enquanto não tirar essa história a limpo de vez e entender por completo a mente da menina que um dia pedira sua ajuda.

Srta. Lewis, Julie Bradshaw acabou de chegar na recepção — a voz de sua secretária sai do alto falante do telefone a avisando, tirando Max de seus devaneios e questionamentos.

— Certo Dayse, pode pedir para que elas aguardem só um momento, por favor? Logo estarei aí. Obrigada — agradece, já terminando seu café em seguida em um gole só.

Está aí outro caso que Max conseguiu poucos progressos até agora. As consultas da pequena são sempre marcadas todas as sextas-feiras, porém, por conta do acidente e por motivos maiores, sua mãe agendou para um dia antes.

A psicóloga vai até sua gaveta de arquivos e procura o nome da criança. Acha a pasta da respectiva paciente e a abre. Depara-se com o desenho que ela havia feito na última sessão. Uma garota morta enforcada... igual Camille.

Será que Julie viu alguém próximo a ela nessas condições? Se já está sendo um baque gigante para Maxine lidar tendo visto o que houve com Camille, imagina para uma criança ver essa cena com alguém próximo? Por isso ela não é capaz de falar? Justificaria muita coisa.

Porém a mãe da criança nunca comentara nada a respeito. Nem ao mesmo ela sabia o porquê de sua filha ter se calado tão repentinamente. Procurou a ajuda de Max a alguns meses atrás graças a indicação de Alex e Cameron e a loira está disposta a tentar entender de uma vez por todas o que aflige a pobre garotinha. Não irá falhar com ela também.

— Olá — Maxine chega a recepção e as encontra sentadas nas cadeiras, lendo um livrinho infantil.

— Doutora Lewis, como vai? — Ashley, mãe da menina, levanta-se do lugar e a cumprimenta com um aperto de mão, sorrindo.

— Bem e a senhora? — pergunta Max sorrindo e a mulher a sua frente assente, sorrindo também. A psicóloga se agacha um pouco para se direcionar a Julie, que continua sentada na cadeira, a olhando enigmática — E a nossa pequena, como está? E essa mãozinha aí?

— Você viu, doutora? Foi daquele dia que saímos correndo daqui — a senhora Bradshaw conta, olhando para a menininha dos olhos azuis que está com a mão esquerda enfaixada. — Um carro a pegou antes que eu conseguisse impedir.

— A Alex me contou a respeito — a psicóloga volta-se para a mãe. — Que susto, não? Mas graças a Deus foi só a mãozinha, né, princesa?

— Graças a Deus mesmo, porque poderia ter acontecido algo muito pior — a psicóloga percebe o alívio no olhar da mulher. — Mas acabei nem tendo a chance de conversar com você depois. E aí? Algum progresso?

— Estamos trabalhando nisso. Como eu expliquei anteriormente, às vezes é um processo bem extenso, mas que no final teremos uma resposta e um plano de ação, pode acreditar — Maxine explica. — Quem sabe hoje mesmo não andamos alguns passinhos?

— Eu espero, de verdade, pois eu já não sei o que fazer — fala, com um certo desespero no olhar.

— Fique tranquila, senhora Bradshaw, tenho certeza que conseguiremos resolver isso juntas — Ashley assente, respirando fundo perante a fala da jovem. Max vira para Julie. — Vamos?

O Que Aconteceu?Onde histórias criam vida. Descubra agora