03 de abril de 2016

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— Maxine? — o delegado estala os dedos em sua frente, trazendo-a de volta para a cruel realidade, que é pior do que suas piores suposições — Está tudo bem?

— E-está sim — gagueja, tentando se recompor rapidamente. — Perdoe-me.

Ainda está processando tudo o que descobriu. Não quer acreditar que Cam seja capaz de fazer tudo isso, mas, ao mesmo tempo, se conseguir enxergar por um lado mais racional, vê que faz um certo sentido…, mas não é ele, não pode ser ele.

— E então? — o delegado pergunta com certa expectativa — Reconhece esse colar?

Max tenta pensar rapidamente no que fará. Será que deve dizer a ele?

— Não — diz, por fim. — Não o reconheço.

Precisa tirar essa história a limpo antes, as coisas não são tão simples como parecem.

Delegado Moore a encara com um olhar desconfiado e pergunta:

— Tem certeza?

— Tenho — responde com um nó em sua garganta. — Só vi um colar parecido com esse e foi no pescoço de Julie. Se o senhor está dizendo que estava com ela, então não sei de mais ninguém que o possa ter também.

Sabe que o correto seria dizer a verdade, mas não pode fazer isso com seu amigo. Não sem análises e provas concretas, mesmo que tudo esteja apontando para ele.

— Senhorita Lewis — o homem à sua frente volta às formalidades antes esquecidas pela amizade que tem com sua mãe, o que faz a jovem encolher os ombros. Ele não acredita nela — Julie Bradshaw tinha em seu histórico de celular uma pesquisa sobre pessoas enforcadas.

— Ela tinha celular? — pergunta, achando estranho por ela ser uma criança.

— Tinha, os pais são ricos e quiseram mimá-la um pouco, acredito eu — ele apoia os braços em cima da mesa e cruza as mãos entre si. — O ponto é que, pela data dessas pesquisas, o caso de Camille ainda não havia ocorrido. Então, pelo que me trouxe hoje, tenho fortes indícios para acreditar que ela sabia o que aconteceria com a filha dos amigos de seus pais, e quem o faria. Mas, por ser uma criança, ficou com medo e desenvolveu Mutismo Seletivo, como a senhorita mesmo diagnosticou, como forma de se proteger. Porém não adiantou, pois o assassino a descobriu e achou mais seguro eliminá-la. Precisamos capturar quem foi capaz de fazer essa monstruosidade com uma criança, só assim isso terá um fim. Qualquer informação pode nos levar a isso, por menor que pareça, então por favor, se souber de algo, mesmo que seja uma mera dúvida, diga-me!

A psicóloga sente o coração apertar e respira fundo antes de responder o que sabe que vai se arrepender depois:

— Eu realmente não sei de nada.

O delegado demora alguns segundos antes de assentir, mas sem conseguir esconder seu olhar decepcionado.

— Tudo bem, está dispensada — diz ele, encostando as costas em sua cadeira.

Ela assente e pega a bolsa em seu colo, levantando-se. Arruma-a em seu ombro e se vira para sair.

— Max? — o escuta chamá-la e se vira novamente para olhá-lo — Você fez uma queixa contra o seu ex namorado, não é?

— Sim — responde — Quando o fiz, era uma delegada nova no plantão, por isso não lhe disse nada. Soube que ele foi preso.

Ele assente e prossegue com uma cara entristecida:

— Eu sinto muito…, mas ele foi solto ontem à tarde.

— O quê? — ela vira seu corpo completamente na direção do delegado.

O Que Aconteceu?Onde histórias criam vida. Descubra agora