Aetherius, um lugar fora do tempo

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HANNAH

Eu só poderia estar perdendo a sanidade, como vim parar nesse lugar? Aquele homem em minha frente não poderia ser quem eu pensava que era.

— Vou embora daqui. — falei já deixando o cômodo.

— Mas você acabou de chegar. — retrucou ele vindo atrás de mim por aquele grande corredor medieval.

— Não quero ficar, não com você. — respondi.

— E o que foi que eu fiz?

— Muito pelo contrário. — me virei voltando a olhar para ele.

— É sobre o que você não fez. — disse rispidamente.

Continuei andando, eu precisava sair daquele lugar o mais rápido possível.

— Olha, ao menos deixe-me te guiar até os portões. Esse castelo é muito grande, porém o conheço perfeitamente. — insistiu.

E infelizmente, ele estava certo, logo tive que concordar. Quando chegamos do lado exterior, notei que realmente eu já não estava mais em Baton Rouge e aquilo me causou tamanha estranheza, pois mesmo assim a minha mente tinha total consciência e se lembrava de tudo, principalmente da carta que eu havia escrito. Aquilo me gerou múltiplos sentimentos e da ansiedade permeei diretamente até a raiva onde nela me estabeleci. Não era um sonho e eu sabia disso, ainda que insistisse em negar constantemente em meu interior e, acho que isso é comum quando nos deparamos com algo sobre-humano.

— Certeza de que já vai embora? — perguntou Agnus.

Estávamos parados bem na metade de uma ponte extensa e larga onde logo atrás os portões se mantinham abertos. Portões esses do tamanho dos muros ao redor, tão grandes que eu os perdia de vista quando olhava para cima, abaixo havia um rio, o qual cercava todo aquele castelo, mas confesso nunca ter visto água tão cristalina como aquela. A água mais limpa que já vi, sem nem um tipo de impureza e a frente, parecia haver um imenso jardim que com o soprar da brisa, balançava as flores as quais exalavam o seu perfume chegando até ali.

— Não há motivos para eu ficar.

— Bom, na carta você parecia bastante decidida quando disse que odiava o meu Pai.

— E por que ele não veio? — retruquei me virando. — Mandou você para fazer o trabalho, não é? Típico de um Deus omisso. — completei dando as costas novamente e cruzando os braços.

— É aí que você se engana, Hannah Miller, porque o Filho sabe tanto quanto o Pai. Nós somos um.

Revirei os olhos e comecei a andar pois não queria ouvi-lo.

— Escuta, só peço que fique para o café da manhã, eu já até preparei a mesa para nós dois e depois disso, você pode ir embora se quiser. — continuou insistindo e vindo atrás de mim.

De fato, ele era mais chato do que eu pensei que era.

Percebi que estava usando a mesma roupa da noite anterior do término com a Brooklyn. Lembro-me de estar tão esgotada que acabei adormecendo sem ao menos ter me trocado, só que no fundo eu sabia quem o Agnus era e justamente por isso eu não queria estar naquele lugar.

— Quantas vezes terei de dizer que não quero ficar? Eu quero ir embora! — gritei.

— Tudo bem então, eu vou entrar e caso mude de ideia, lhe esperarei lá dentro do meu castelo. — ele disse se retirando dali.

Sozinha naquela ponte, eu tentava assimilar o que era e o que não era real e, ao mesmo tempo que eu queria ir embora, também não tinha escolha a não ser ficar, pois para onde eu iria? Como eu iria acordar? Quero dizer, seria possível acordar?

Os Quatro Mundos de Hannah Miller (REVISADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora