Terra Média ( Cinco Anos depois da Guerra do Anel)
"O cheiro do musgo que invadiu o ar, e o gelo do orvalho que senti em meu rosto, me fizeram despertar sonolenta. Há quanto tempo me encontrava na imensa floresta parecia não ser calculado. As folhas secas úmidas, se colaram em minha roupa gasta e empoeirada. Me movimentei as retirando. Meus olhos se fixaram no verde e nos raios de Sol que invadiam os galhos das árvores. Amanhecia e com a graça de Erú, como diziam meus ancestrais não fui vítima de nenhum perigo. Olhei para espada ao meu lado e fiquei aliviada por passar mais uma noite em segurança sobre o escudo de um antigo carvalho. Suas raízes me serviram de travesseiro que improvisei com pedaços de tecido para ficar confortável. Não sei se era minha imaginação ou o sentimento de paz que aquela floresta me trouxe, mas podia jurar que o abrigo da antiga árvore, me serviu de abraço e proteção, me livrando de pesadelos sombrios, do torpor da comitiva maldosa do galeão velho que serviu de moradia a meu irmão e eu. Contemplei a grande árvore em toda sua estrutura e meus fios de cabelos dançaram pela brisa leve, como um sopro de esperança ao meu coração dolorido pela trajetória imposta.
A imagem de meu irmão se desenhou em minha mente, guerreiro e bem humorado. Seu sorriso alegre e nossos últimos dias ainda que difíceis, nos enchiam de coragem. Nosso intento, ficar livre para continuar nossas vidas e prosseguir nossos sonhos. Não, eu não queria mais chorar, julguei que a floresta devia estar exausta de testemunhar minhas lágrimas. Eu precisava seguir em frente, e talvez por isso, não ousei sair de sua reconfortante proteção. Precisava de algo novo, como sabia fortemente que o novo me esperava em qualquer lugar. Eu nada tinha. Era apenas um plebeia vagando em meio a natureza e os animais, em lugar misterioso que me rendia infinitas sensações, principalmente desconfiança.
Tomei da espada, deixei meu esconderijo e com passos tranquilos busquei encontrar frutas silvestres, que iriam servir de café da manhã ou na sorte, algum animal para caçar, mas estes, por mais que me servissem de refeição saborosa, causavam aperto em meu coração. Eu passei a respeitar a floresta e qualquer forma de vida, que não me via disposta a matá-los.
Caminhei lentamente, ouvindo apenas o ressequido de folhas, devido a minhas pisadas e o canto dos passarinhos. Distante, o som fluindo de uma queda da água. O cheiro das flores, misturada a relva da manhã encheu o ar. O aroma dos jasmins, enobrecendo a paisagem colorida pelo equinócio da Primavera. Senti ímpeto de caminhar mais longe. Havia um desejo faminto de me aprofundar naquele lugar, relutando em ouvir minha intuição que dizia que não devia. Com a espada em punho, olhos atentos apressei a marcha, meus pés me levavam ao som da correnteza, o cheiro da primavera, o ruído da água pareciam entorpecentes e mesmo querendo recuar, a direção seguia a mesma. Havia um rio, não deveria ser longe e a curiosidade se amarrou a mim, como trepadeiras de hera. Quando consegui vencer a força estranha, que parecia dominar meu ser, ouvi passos e estalar de galhos secos.
O ruído ficou mais perto e invadiu meus tímpanos fazendo tremer. Coração aos pulos, imaginei ser um urso e ao virar me deparei com um alce grande e de pelagem branca. Sua figura robusta, fitou-me em curiosidade assim como eu. Fiquei imóvel, olhos fixos no animal, vendo a cortina de raios de Sol, deitarem atrás dele envolvido pela vegetação verde. Era belo, com chifres em forma de taça e longos.
Novamente, a mesma força, me impulsionando para continuar. Eu poderia ficar onde estava, mas sua visão tão magnífica me encheu os olhos de maneira viciante e antes que pudesse tomar qualquer direção me vi se aproximando e o acariciei, sem qualquer sinal selvagem de sua parte. O pelo sedoso, um pouco frio pelo recente orvalho da manhã, foi alisado por meus dedos. Seu bufar me fez rir e ele tremeu a face como a afastar algum objeto estranho. E, assim como foi intenso o momento com ele, que durou segundos, rápido foi vê-lo se afastar-se e embrenhar a floresta.
Me senti diferente, alegre, eu não sabia explicar o que me causou sua aparição e continuei caminho até ouvir ruídos próximos. Eram pisadas que se intensificaram quando me apressei e, então, percebi que não estava sozinha."
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No Coração da Floresta (Thranduil Fanfic)
FantasyImortal e soberano.Thranduil vive sua vida reclusa governando seu reino e indiferente a qualquer sentimento de amor. Em uma tarde de Primavera, sua floresta é invadida por uma mortal desconhecida, que fugindo de um galeão; se esconde nas terras do...