18. Dojô

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Johnny P.O.V

Deixo Heather em sua casa, segura, e dou a partida no carro sem saber ao certo para onde vou. Não posso voltar para casa, pelo menos, não hoje. Meus amigos estão ou viajando ou bêbados demais a essa hora para me receber, além de que eles não podem saber o que está acontecendo comigo. Nem sobre Heather nem sobre Sid.

Tenho uma ideia para onde ir, então sigo em direção ao centro da cidade. Estaciono o carro próximo a um beco e desço, caminhando em direção aos fundos do dojo. Pego a chave escondida abaixo do tapete e adentro sabendo que não haverá ninguém aqui para fazer perguntas.

Retiro minha gravata, abro os primeiros botões da camisa e junto os sapatos em um lugar, então uso o meu blazer como travesseiro. Antes de pegar no sono, porém, lembro dessa noite inusitada.

Heather estava mais do que linda, estava perfeita. O vestido realmente a realçou, mas....era mais que isso. Com seus olhos a mostra, todo o seu rosto se iluminou. E na festa, eu simplesmente não conseguia desgrudar os olhos dela, parecia que tinha um imã me puxando até ela. O modo como enfrentou meu padrasto e o seu sorriso largo enquanto dançávamos estava me deixando... caralho, eu não sei o que estava acontecendo.

Porém, ficou ainda maior quando dançamos lentamente no salão. Suas bochechas levemente ruborizadas pela agitação, seus olhos ternos, sua covinha aparecendo, seus lábios... tão perto. Eu podia sentir o seu aroma de lavanda e o seu hálito de vinho tinto, uma combinação nova para mim. Tudo isso é novo para mim. Depois de Ali...não entendo porque ela mexe assim comigo nem porque eu continuo isso.

Eu estava passando pelas ruas, vi aquele vestido na vitrine e Heather foi a primeira pessoa que me veio à mente. Eu queria a agradecer pelo que tem feito por mim, mas mais que isso...eu queria mais um tempo com ela. Que loucura! Eu desejando passar mais tempo com uma nerd intrometida que não sabe a hora de ficar calada e que tem os lábios mais chamativos que eu já vi.

Porra, Johnny! Pare de pensar nela e vai dormir! Você tem todas as garotas que quiser a seus pés, é o cara mais popular do colégio e tem mais dinheiro do que pode contar. Ela é apenas a sua tutora, depois das provas provavelmente tudo voltará ao normal. Vocês separados, como deve ser, a ordem natural das coisas.

Tento me convencer disso e pego no sono, onde sonho com Heather gritando comigo e se afastando de mim para sempre. Ela parece magoada, mas principalmente triste. Acordo sentindo meu peito doer e suado como se tivesse feito 70 flexões na ponta dos pés.

Observo a luz do sol adentrar pelas janelas do dojo e uma figura se pôr a minha frente. Sensei Kreese está parado me assistindo com uma expressão neutra no rosto, mas seus olhos buscam respostas de mim. Também não posso contar nada a ele. Sensei pode pensar que isso irá atrapalhar o meu rendimento nos treinos e no torneio e me cortar fora.

— Você esqueceu de trancar a porta. — diz se aproximando de mim e me estende uma mão, a qual eu pego para levantar.

Ele me oferece uma xícara de café enquanto continua me observando como uma cobra assiste a sua presa, esperando o momento do bote. Desde que entrei no Cobra Kai, tenho visto Sensei Kreese como um pai pra mim, afinal, ao contrário de Sid e do meu verdadeiro pai que nunca conheci, ele sente orgulho de mim. Sou o seu melhor aluno. E exatamente por isso não posso contar sobre o que passo, posso acabar o decepcionando.

— Fiquei muito bêbado. Não podia voltar pra casa...os caras não estão na cidade. — minto, porque se não dissesse algo ele iria descobrir a verdade.

— Sei que já ficou bêbado antes. E isso nunca te impediu de ir para casa. — diz com seu tom grave e sério. — Se estiver com problemas em casa é melhor resolver logo. Não aceitamos fraquezas nesse dojo.

— Sim, Sensei. — fico chocado em como ele descobriu.

— É melhor se trocar e treinar mais porque temos um torneio chegando. Acho bom você ser melhor lutando do que mentindo.

— Sim, Sensei. — digo envergonhado por ser pego na mentira.

— Eu já tive a sua idade, garoto. Pequenas coisas podem te desconcentrar. Então resolva antes que afete a sua luta.

— Sim, Sensei. — repito mais uma vez e ele passa a caminhar para longe, então peço: — Pode não dizer para ninguém sobre o que houve aqui?

Ele sorri discretamente.

— Eu já vi coisas piores na vida, Lawrence, coisas que apenas de ouvir você vomitaria. E guardo tudo em minha mente.

Ele dá as costas para caminhar de novo e tomo isso como uma confirmação do meu pedido. Sei que posso confiar nele.

📝
E por hoje foi isso, meus bebês, espero que me digam o que acharam, como estão sentindo a evolução dos personagens, tudo, tudo! Adoro saber o que estão pensando 😍
Também peço que me digam como está a ordem dos capítulos aí para vocês, porque para mim está bugado, tem uns capítulos fora de ordem e eu tento organizar, mas o wattpad buga e não grava. Me digam se está embaralhado pra vocês também e se tiver, alguma sugestão sobre como resolver?🥺

No One Like You - Johnny Lawrence 80s [√]Onde histórias criam vida. Descubra agora